Aos 22 anos de idade, a turca Goksu Uctas vai à primeira Olimpíada em sua curta carreira de ginasta. Sem grandes pretensões em termos de resultados, ela se considera vitoriosa somente pela vaga conquistada. Sobrevivente de um terremoto devastador nos anos 1990, ela terá, em Londres, a chance de divulgar o esporte, praticamente ignorado pela política esportiva de seu país.

A jovem conseguiu a vaga no início desse ano, no evento-teste da ginástica artística em Londres. Foi a cereja do bolo em uma história que quase foi interrompida em 1999, quando um terremoto atingiu a região nordeste da Turquia e matou cerca de 17 mil pessoas.

“Nós tivemos de viver em uma tenda durante um ano, com medo constante por causa dos tremores. Só que eu nunca parei de treinar, mesmo quando o ginásio estava sendo reconstruído. Eu treinava ao ar livre e me mantive focada em praticar o máximo que eu podia”, disse Goksu Uctas.

Ela é a primeira ginasta turca a garantir vaga em uma edição dos Jogos Olímpicos. O país é conhecido pelo seu investimento em esportes como a luta olímpica e o levantamento de peso, que garantiram mais de 80% das medalhas da história da Turquia na competição.

“A política turca para esportes é baseada em medalhas, e o orçamento sempre foi dividido de acordo com o sucesso. O dinheiro sempre foi investido em esportes que despertam maior interesse público, como a luta”, disse Settar Kocak, que ensina filosofia e história do esporte na Universidade Técnica do Oriente Médio, que fica em Ancara.

“A explicação para que nenhum ginasta turco tenha ido para as Olimpíadas não é incompetência, é só que ninguém realmente acreditava que poderia acontecer, e por isso nunca descobriu como fazê-lo”, disse Mergul Guler, técnico de Uctas.