Opositor de Nuzman no COB enfrenta denúncias de irregularidades em sua confederação

Bruno Freitas

Do UOL, em São Paulo

  • Ira Wyman/Folha Imagem

    Eric Maleson foi da primeira geração do bosled no Brasil e atualmente está à frente da CBDG

    Eric Maleson foi da primeira geração do bosled no Brasil e atualmente está à frente da CBDG

Presidente da presidente da CBDG (Confederação Brasileira de Desportes no Gelo), Eric Maleson batalha para tornar legítima sua iniciativa de concorrer com Carlos Arthur Nuzman ao comando do COB no período entre 2013 a 2016. No entanto, o dirigente enfrenta denúncias de irregularidades dentro de sua própria entidade.

INGERÊNCIA DO COB NA CONFEDERAÇÃO DE GELO

O Comitê Olímpico Brasileiro efetuou um empréstimo de R$ 100 mil a CBDG para compras de equipamentos para os Jogos de Inverno de 2002, através do banco Prósper. Eric Maleson afirmou à Folha de S. Paulo (1º de maio) que apelou ao COB para quitação da dívida em 2011, em valores que na época alcançavam R$ 230 mil.

De acordo com o dirigente, a partir deste momento o COB passou a ter ingerência sobre a confederação, com indicação de um contador e um advogado que cuida dos interesses da entidade. Maleson argumenta de que não tem acesso completo ao dinheiro da CBDG.

No último ano a CBDG chegou a enfrentar intervenção judicial por decisão da 37ª Vara Cível do Rio de Janeiro. Tudo graças a uma ação movida pelo atleta do bobsled Edson Luques Bindilatti, que denuncia supostas irregularidades de gestão de Maleson. No entanto, após o trabalho de um interventor, a administração foi novamente repassada ao opositor de Nuzman (última decisão em 26 de abril).

Mesmo assim, o atleta mantém a ofensiva através da Justiça. Em suas críticas, Bindilatti fala sobre clubes afiliados inexistentes que compõem a confederação, agremiações registradas em cartório no mesmo endereço e ligadas a nomes de familiares do presidente.

"Era para ele estar interditado, mas parece que conseguiu um agravo da juíza e ainda é presidente. Não existe conselho fiscal, não tem diretoria, os clubes são acéfalos. Tem um deles que ninguém achou nada. Dois estão registrados com o mesmo endereço, sendo que um é de Minas e o outro do Rio. E ele é responsável por um clube, coisa que não pode", disse Bindilatti em entrevista ao UOL Esporte.

O atleta do bobsled ainda discorre sobre problemas de suporte técnico e financeiro a nomes dos esportes de gelo em eventos fora do país.

CBDG DEVE IR À JUSTIÇA PARA DISPUTAR PRESIDÊNCIA DO COB

  • Prevista para o último trimestre deste ano, a eleição para a presidência do Comitê Olímpico Brasileiro no quadriênio 2013-206 ainda pode ter um opositor de Carlos Arthur Nuzman. Isso porque a Confederação Brasileira de Desportos no Gelo pretende entrar na Justiça para fazer valer a candidatura de Eric Maleson, seu atual presidente.

"Ele [Maleson] contratou um técnico holandês de bobsled para cuidar da equipe. Na verdade, o cara ofereceu os trenós dele para receber um dinheiro. Só que isso foi em 2009, e os trenós eram todos de 2000, de 2001. A gente estava atrasado. Por fim, ficou devendo para ele. Está até hoje tentando receber", relata.

"Temos a confirmação das nossas viagens um dia antes apenas. A gente vai lá para fora e ele não paga nem aluguel de trenó. A gente é super mal visto lá fora por causa da gestão dele", acrescenta Bindilatti, que participou dos Jogos de Inverno de 2002 (Salt Lake City) e 2006 (Turim) e atualmente concilia o bobsled com o trabalho no staff de treinos de Fabiana Murer no salto com vara.

O atleta ainda contesta a base de residência do presidente da CBDG, que segundo Bindilatti passa a maior parte do ano em Boston, nos Estados Unidos.

Maleson manifestou ao jornal Folha de S. Paulo, em sua edição da última terça-feira, que o atleta que contesta a sua gestão age com incentivo do COB. De seu lado, Bindilatti apresenta a versão de que o comitê não quis tomar conhecimento do teor de suas denúncias.

"Em nenhum momento eu tive ajuda do COB. Procurei o COB para falar das irregularidades, mas eles não quiseram me atender. Não atendem atletas, só dirigentes. Só acatam as decisões judicialmente", afirma o atleta do bobsled.

O prazo de registro de chapas para a eleição do presidente do Comitê Olímpico Brasileiro foi encerrado na última segunda-feira, dia 30 de abril. Somente Nuzman, que ocupa o cargo desde 1995, oficialmente registrou candidatura para o pleito, previsto para o último trimestre deste ano.

Eric Maleson diz ter apresentado candidatura e reclama a validade dela. O dirigente dos esportes de gelo promete ir à Justiça para poder ingressar na eleição do COB deste ano.

UOL Cursos Online

Todos os cursos