COB enriquece rápido, mas adia boom de pódios para Rio-2016 e usa Londres como laboratório
Vinicius Konchinski
Do UOL, no Rio de Janeiro
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Flávio Florido/UOL
Giba, da seleção de vôlei, conseguiu uma medalha de prata nos Jogos de Pequim, em 2008
Faltando quatro meses para o início dos Jogos Olímpicos de Londres, o Brasil prepara-se para tentar alcançar um resultado olímpico inédito.
Esse resultado, porém, não será na Olimpíada deste ano. Já esperando uma estagnação para 2012, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) admite usar a Olimpíada de Londres como laboratório para os Jogos Olímpicos de 2016, que serão sediados no Rio de Janeiro.
Segundo o COB, em Londres, o Brasil levará menos atletas do que levou em Pequim, em 2008, e espera conquistar o mesmo número de medalhas conseguidas há quatro anos. Isso tudo apesar do aumento significativo de receitas do comitê de um ciclo olímpico para o outro.
REPASSES DA LEI PIVA AO COB
Ano | Valor (em R$) |
2001 | 17,4 milhões |
2002 | 50,7 milhões |
2003 | 55,8 milhões |
2004 | 70,0 milhões |
2005 | 70,5 milhões |
2006 | 67,4 milhões |
2007 | 84,9 milhões |
2008 | 91,9 milhões |
2009 | 113,4 milhões |
2010 | 142,7 milhões |
- Fonte: COB
De 2004 a 2008, durante a preparação para Pequim, o COB recebeu em média R$ 78,5 milhões de reais por ano por intermédio da Lei Agnelo/Piva, que destina parte da arrecadação das loterias federais para o apoio ao esporte olímpico.
Em 2009 e 2010 (os dados de 2011 ainda não estão disponíveis), na preparação para Londres, essa média subiu para R$ 128 milhões por ano.
Mesmo assim, esse dinheiro não foi suficiente para aumentar a expectativa sobre desempenho dos atletas brasileiros. Para a diretoria do COB, melhores resultados surgirão só em 2016.
Para que isso aconteça, dirigentes do esporte olímpico brasileiro já falam, inclusive, em usar a Olimpíada de 2012 como parte da preparação de atletas para os Jogos Olímpicos do Rio. Neste ano, por exemplo, o COB vai pôr em prática dois projetos já visando mais medalhas em 2016.
O primeiro deles foi chamado ontem pelo superintendente de Esportes do COB, Marcus Vinicius Freire, de “programa quebra-gelo”. Por meio dele, o COB vai levar 16 jovens atletas que não se classificaram para a Olimpíada de Londres, mas têm perspectiva de ganhar medalhas no Rio, para conhecer os Jogos.
Esses atletas serão selecionados pelo COB com base nos resultados de campeonatos de que participaram ao longo dos últimos anos e terão a chance de se ambientar ao “clima olímpico”, para chegar em 2016 mais experientes.
“Queremos que os atletas se acostumem com a Olimpíada”, explicou Freire. “No nosso centro de treinamento, eles vão conhecer grandes atletas, treinar com eles e nós vamos pagar ingressos para eles irem assistir às competições. Isso já pensando em 2016.”
Também com o foco no Rio, o COB vai levar a Londres 19 especialistas em ciência do esporte: médicos, fisiologistas, profissionais de educação física etc.
Eles vão acompanhar os treinamentos da equipe olímpica brasileira e colher dados que devem auxiliar na preparação de atletas em 2016. “Estamos investindo fortemente em ciência do esporte e queremos que isso nos ajude no Rio”, complementou Freire.
Daqui a quatro anos, em casa, o COB espera que o Brasil conquiste pelo menos 30 medalhas olímpicas. Isso é o dobro do que está sendo esperado para a Olimpíada deste ano.
Com 15 medalhas, o Brasil ficou em Pequim, em 2008, na 23ª posição no ranking dos Jogos Olímpicos. Com 30 pódios, a expectativa é que o Brasil fique entre os dez países mais bem colocados no quadro geral da Olimpíada, daqui a quatro anos.
“Gostaríamos de ter uma expectativa maior para Londres, mas temos que ser realistas. Faltou tempo”, justificou Freire. “No Rio, sim, teremos condições de conseguir brigar para estar entre os países do top 10 dos Jogos.”