Há 17 anos no poder, Nuzman diz que falta substituto e cogita ficar no COB após 2016
Do UOL, em São Paulo
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Felipe Rocha/UOL
Nuzman completará 21 anos na presidência do Comitê Olímpico Brasileiro
Carlos Arthur Nuzman articulou um grande apoio político dentro do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e está prestes a ser reeleito para um mais um mandato até 2016, totalizando 21 anos à frente da entidade. Segundo ele, tanto tempo no poder tem uma explicação: a falta de pessoas qualificadas para substituí-lo.
NUZMAN MANOBRA POR REELEIÇÃO NO COB ATÉ 2016
Desde 1995 à frente do COB, quando sucedeu André Richer, seu atual vice, Carlos Arthur Nuzman vai ficar até 2016 no cargo e somar 21 anos no poder do esporte olímpico brasileiro.
Em reunião realizada há dez dias, o cartola de 69 anos usou uma carta do COI (Comitê Olímpico Internacional) para convencer os presidentes de confederações de que pode prosseguir acumulando o cargo na entidade e no Comitê Organizador dos Jogos-2016.
“Você tem carência de pessoas. Tenho trabalhando no COB 19 ex-atletas olímpicos. E fazemos cursos para formar outros para integrarem nossos quadros ou serem futuros dirigentes. As pessoas não fazem curso, não estudam, não querem melhorar e acham que sabem tudo. Então, o dirigente fica. No mundo inteiro acontece com frequência”, argumentou Nuzman em entrevista ao jornal Lance!.
Respaldado por conquistas importantes para o esporte brasileiro, como o direito de sediar os Jogos Pan-Americanos de 2007 e a Olimpíadas de 2016, ambos no Rio de Janeiro, o dirigente conseguiu o apoio de 24 das 30 confederações que elegem o mandatário do COB. Assim, encabeçará chapa única na eleição que acontece neste ano. A oposição precisa, no mínimo, de dez votos para emplacar um candidato. Ou seja, precisaria convencer alguns cartolas a mudar de lado.
Nuzman, assim, completará 21 anos à frente do COB. E o número pode aumentar. Ele não descarta lutar para prosseguir na função depois de 2016. “Nunca digo o que vou fazer depois ou deixar de fazer. Nos próximos anos algumas coisas vão passar pela minha cabeça. Veremos o que pode ser feito, o que não pode e aguardaremos o que acontecerá.”
DIOGO SILVA CONDENA "OS 20 ANOS DE NUZMAN" NO COB
O lutador de taekwondo, que está classificado para a Olimpíada de Londres, diz que, como ele, há atletas que não concordam com a perpetuação de Carlos Arthur Nuzman no comando do COB.
"Há essa necessidade de reformulação. O Brasil passa por isso, tem troca de presidente, por que não trocar em outras instituições? Os atletas já reclamam sobre isso. O Cielo, por exemplo, reclama sobre isso."
Além de presidir o COB, Nuzman também está à frente do Comitê Organizador da Rio-2016. Para ele, acumular tais funções é um benefício.
“Facilita. Uma das questões que muitas vezes ocorre em Jogos Olímpicos é o conflito de interesses entre o Comitê Olímpico e o Comitê Organizador. Londres é um exemplo claríssimo. Eles foram para o Tribunal Arbitral do Esporte para dirimir dúvidas que internamente nem o tribunal local conseguiu, questões de recursos, doping...”, justificou o dirigente de 69 anos.
No início deste ano, o blog de Juca Kfouri publicou que o Comitê Olímpico Internacional (COI) pediu para Nuzman deixar uma das duas entidades. O cartola, contudo, mostrou às confederações há dez dias uma carta do COI dizendo que a entidade jamais o pressionou a optar pelo Comitê Organizador ou pelo COB.
Com isso, Nuzman conseguiu o apoio de 24 dirigentes e engatilhou sua próxima reeleição, até 2016. “Foi um desejo das confederações."