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Família Grael é contratada sem licitação para limpar Guanabara para Rio-16

Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro

O governo do Rio de Janeiro resolveu apelar a um contrato emergencial para tentar limpar a Baía de Guanabara para a Olimpíada de 2016. Sem concorrência pública, ele firmou um convênio de R$ 20 milhões com uma ONG (organização não governamental) da família de velejadores Grael para retomar a retirada de lixo da baía. Há menos de um mês, o Estado suspendeu dois programas dedicados justamente à coleta de resíduos flutuantes na Guanabara.

Agora, com o novo convênio, o Instituto Rumo Náutico, dos Grael, será o responsável por reativar essas duas ações suspensas. A ONG vai construir cinco novas barreiras para segurar o lixo que chega à Guanabara em rios e recolocar em circulação dez barcos equipados para coletar objetos que permanecem boiando na baía.

No último dia 3, o então secretário estadual do Ambiente, Antônio da Hora, havia dito que as chamadas ecobarreiras e os ecobarcos eram ineficientes. Ao anunciar a suspensão do investimento nos equipamentos, da Hora declarou em nota que a ação dos ecobarcos era “para inglês ver”.

Segundo o atual secretário, André Corrêa, no entanto, isso vai mudar com a entrada da ONG dos Grael no trabalho para limpeza da baía. Corrêa disse que ninguém conhece tanto a Guanabara quanto a família de velejadores. Por isso, o Estado do Rio de Janeiro resolveu contratar sem licitação o Instituto Rumo Náutico para a limpeza do espaço.

“Nenhuma outra empresa tem o conhecimento deles na Guanabara. Isso é público e notório”, justificou Corrêa. “A questão do lixo da baía é urgente. Não haveria tempo para fazermos uma licitação para depois começarmos o trabalho.”

Corrêa anunciou a decisão de contratar a ONG dos Grael na quarta-feira, depois de uma reunião com atletas e membros do Comitê Organizador Rio-2016. Na ocasião, o secretário estava acompanhado de Axel Grael, fundador do instituto.

Axel é hoje vice-prefeito de Niterói. Está na vida pública há anos. Chegou, inclusive, a ser subsecretário estadual Ambiente e até presidiu a Feema (antigo órgão ambiental fluminense) na primeira vez que Corrêa foi secretário do Ambiente.

Axel também é engenheiro florestal. Participou de várias reuniões com o secretário André Corrêa para avaliar o programa de limpeza da Guanabara para a Rio-2016. 

Questionado sobre a ligação de Axel com a contratação da ONG dos Grael, Corrêa negou qualquer favorecimento. “Eu confio nele completamente”, disse o secretário. “É um dos homens mais íntegros que conheci na vida pública. É notório seu compromisso com a Baía de Guanabara.”

Novo programa para limpeza da Guanabara

  • Três fases visando à Rio-2016

    O novo plano de limpeza da Baía de Guanabara para a Olimpíada de 2016 terá três fases. A primeira delas será executada pela ONG da família Grael. Ela consiste em recolocar em circulação dez ecobarcos e construir cinco ecobarreiras até agosto, mês do evento-teste de vela da Rio-2016. As outras duas fases ainda não têm executor definido, mas visam à Olimpíada em si.

  • Ecobarcos guiados por sistema holândes

    Os ecobarcos são embarcações que circulam na Baía de Guanabara recolhendo lixo flutuante. No novo programa de limpeza da baía, os barcos serão guiados por uma sistema de monitoramento de maré e ventos doado ao governo do Rio pela Holanda. Assim, o Estado espera que o recolhimento do lixo seja mais eficiente.

  • Ecobarreiras reforçadas

    O governo do Rio informou que as ecobarreiras que serão instaladas pela ONG dos Grael nos rios que desaguam na baía serão mais fortes que as anteriores. Não serão rompidas por chuvas e barcos. O lixo que elas reterem passará a ser recolhido de forma mais eficiente também.

O convênio entre o governo do Rio e o Instituto Rumo Náutico tem validade de 18 meses. Segundo Corrêa, paralelamente a ele, o Estado vai licitar a construção de outras dez ecobarreiras.

Todas as barreiras e ecobarcos estarão funcionando até a Olimpíada de 2016. Corrêa voltou a declarar, porém, que o compromisso assumido pelo governo de tratar 80% do esgoto que chega à baía para os Jogos não será cumprido. Isso, entretanto, não deve atrapalhar as competições de vela na Guanabara durante a Rio-2016 segundo o secretário.

Veja como está e como deve ficar o Parque Olímpico de 2016

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