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Olimpíadas de 2008 foi a quarta da Era Nuzman

Olimpíadas de 2008 foi a quarta da Era Nuzman

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25/08/2008 - 09h46

Aproveitamento cresce pela 1ª vez na Era Nuzman, mas segue menor que Atlanta-96

Bruno Doro
Em Pequim (China)

Carlos Arthur Nuzman assumiu o Comitê Olímpico Brasileiro em 1995. Em sua primeira Olimpíada, com a reestruturação no esporte nacional que prometeu ainda engatinhando, o dirigente viu o país em sua melhor campanha até agora nos Jogos Olímpicos.

Em Pequim-2008, o quarto período da Era Nuzman e o primeiro com verbas governamentais nos quatro anos do ciclo, os números cresceram pela primeira vez. Foram 15 medalhas, o mesmo que em Atlanta, mas com 74 atletas no pódio, contra 64 nos Jogos norte-americanos. Mesmo assim, a equação atletas x medalhistas segue abaixo da de 1996.

Desde a primeira edição olímpica sob o comando de Nuzman, o Brasil tinha perdido aproveitamento sucessivamente. Em Atlanta-1996, foram 28 % de medalhistas na delegação, com os números embalados por conquistas coletivas no futebol, no vôlei e no basquete. Nas duas Olimpíadas seguintes, Sydney-2000 e Atenas-2004, esses números apenas caíram. Na Austrália, foram 23 % de medalhistas. Na Grécia aconteceu a maior queda, para 16,5 %.

Em Pequim-2008, mesmo com duas conquistas no futebol, o segundo esporte com mais integrantes em uma equipe, com 18 (o primeiro é o beisebol, com 24), o aproveitamento ficou em 26,7 %. Lembrando que, na conta de aproveitamento, é considerada uma medalha por cada atleta que subia ao pódio - o futebol masculino, bronze, por exemplo, soma 18 medalhas na conta, contra apenas uma de César Cielo, que foi ouro nos 50 m rasos e bronze nos 100 m livre.

Os vilões para que o aproveitamento caísse, porém, não foram os esportes coletivos. Dos sete times que foram para Pequim, quatro conquistaram medalha. Só os dois times de handebol e o de basquete feminino deixaram de subir ao pódio. Delegações grandes, como o atletismo, com 45 pessoas, voltou apenas com uma medalhista, a campeã do salto em distância Maurren Maggi. O caso é o mesmo da natação, que, com 27 atletas, também fez apenas um medalhista, Cielo, que levou duas medalhas.

Os dirigentes brasileiros, porém, fazem questão de ressaltar que esse inchaço da delegação é benéfico. Ao analisar o desempenho da delegação brasileira em Pequim, Nuzman fez questão de dizer que "o Brasil já chegou à China com três recordes, o de maior delegação da história (277), maior número de mulheres (133) e maior número de modalidades representadas (32)".

Para explicar o aproveitamento ainda abaixo do recorde, o COB usa também a pulverização das medalhas olímpicas como um fenômeno que "roubou medalhas do Brasil". Dentro disso, os grandes papões foram os países da antiga União Soviética, como Ucrânia, Belarus e Cazaquistão, por exemplo.

"Em Pequim, 87 países estiveram presentes no quadro de medalhas. Cada vez mais países estão participando dos Jogos e indo ao pódio. Os antigos soviéticos, por exemplo, hoje são 13 países e todos ganharam medalhas. Em várias provas individuais esses países dominaram o pódio. Com isso, acabam 'roubando' espaço de outros países", diz o chefe da missão brasileira, Marcus Vinícius Freire.

"Temos de lembrar, também, que o processo de evolução é lento. No vôlei, eu peguei o país em 13º do mundo e entreguei em primeiro, mas precisei de 20 anos para isso. Mas no Comitê Olímpico Internacional já comentam que o Brasil está em evolução e está no caminho para se tornar, se não uma potência, mas um país com performances consistentes em Olimpíadas", diz Nuzman.

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