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Phelps e Bolt fizeram em história na China

Phelps e Bolt fizeram em história na China

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25/08/2008 - 09h39

Jogos de Pequim terminam e mundo segue perplexo com Phelps e Bolt

Bruno Doro
Em Pequim (China)

Na pré-escola, uma professora disse à mãe de Michael Phelps, Deborah, que seu filho nunca seria nada na vida. Nas Olimpíadas de Pequim-2008, ele se tornou o maior atleta de todos os tempos, conquistou oito medalhas de ouro em uma mesma Olimpíada, já soma 14 ouros olímpicos em duas edições dos Jogos e ainda é o nadador com o maior número de recordes mundiais da história.

Quando Usain Bolt era adolescente, sua mãe, Jennifer, parou um policial na rua: "Você sabe o que devo fazer para meu filho não virar um criminoso?" O policial, que trabalhava em um dos bairros mais barra-pesadas de Trelawney, na Jamaica, a mandou para uma pista de atletismo. Anos depois, Usain Bolt quebrou o recorde mundial dos 100 m, 200 m e 4x100 m e liderou a primeira vez que a Jamaica venceu as três provas de velocidade em uma mesma edição dos Jogos Olímpicos.

As histórias não são parecidas. Mas o que os dois maiores atletas dos Jogos de Pequim fizeram nas duas semanas de agosto em que o mundo voltou suas atenções para a China, sim. Nenhum outro atleta nas pistas, quadras ou piscinas olímpicas brilhou tanto quanto a dupla. No mesmo dia que Phelps encerrou seu show, Bolt começou um novo espetáculo.

Phelps, 23 anos, brilhou logo em seu primeiro dia e seguiu em ascensão em todos os dias da natação no Cubo D'Água. Ele foi campeão dos 200 m livre, 100 m e 200 m borboleta, 200 m e 400 m medley e ainda os três revezamentos da equipe norte-americana, 4x100 m e 4x200 m livre e 4x100 m medley. Em sete destas provas, o recorde mundial caiu.

A única vez em que isso não aconteceu foi nos 100 m borboleta, a final mais disputada da história da modalidade nos Jogos. Phelps e o sérvio Milorad Cavic terminaram separados por apenas um centésimo de segundo. A vitória do fenômeno norte-americano foi na força. Segundo o russo Alexander Popov, um dos maiores velocistas da natação de todos os tempos, Phelps só venceu porque quase trombou com a parede, enquanto Cavic tocou levemente na borda.

A medalha mais emocionante, porém, foi no revezamento 4x100 m, em que Phelps nadou o terceiro tempo mais rápido da história da distância até então, mas coube a Jason Lezak, o último a cair na água, tirar a vantagem do time francês e bater na frente ao final dos 400 metros. A reação de Phelps, que comemorou abrindo os braços, visivelmente emocionado, dizia tudo: aquela foi a prova que valeu o recorde.

Com Bolt, o esforço não foi tão grande. No total, ele correu 1300 metros na pista do Ninho de Pássaro. A distância é menor do que os 3300 metros que Phelps teve de nadar para chegar aos seus oito ouros. O resultado, porém, foi similar.

O jamaicano chegou aos Jogos Olímpicos como a grande incógnita do atletismo. Sim, ele era o recordista mundial da mais rápida prova do atletismo, mas nunca tinha sido provado em competições grandes. Ao entrar na pista, porém, ficou evidente que, aos 21 anos, Olimpíada era apenas mais uma competição.

Sua primeira final, nos 100 m rasos, foi chamada por Michael Johnson, um dos maiores atletas de todos os tempos, de "a maior performance esportiva" que ele tinha presenciado em sua vida. Bolt venceu a prova em 9s69, mesmo depois de ter desistido de correr com 60 metros e passado a bater no peito.

Nos 200 m, mais compenetrado, ele correu atrás do próprio Johnson. Horas antes, o norte-americano disse considerar improvável que seu recorde na distância, 19s32, fosse quebrado em Pequim. A reposta de Bolt foi a mais rápida da história. Do alto de seus 1,96 m, ele acelerou na curva, manteve a velocidade na reta, coisas que Johnson afirmou que ele não conseguiria, e fechou a prova em 19s30.

Veio então a final do revezamento 4x100. Quando o jamaicano recebeu o bastão, seu time era o segundo. Quando ele entregou para Asafa Powell, a Jamaica era a primeira, com metros de vantagem sobre a equipe na segunda posição.

Assim, Michael Phelps e Usain Bolt cravaram os seus nomes na história dos Jogos Olímpicos. Agora, resta saber o que a professora do nadador e o policial jamaicano estão pensando.

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