UOL Olimpíadas 2008 Histórico das Olimpíadas
 
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Adhemar voa na Austrália: saltador se tornou o primeiro atleta brasileiro bicampeão olímpico
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Medalha
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Ficha
Quando:
22/11/1956 a 08/12/1956
Países Participantes:
72
Atletas:
3314 (masc: 2938; fem: 376)
Participação do Brasil:
24º lugar
Total de modalidades:
19
Total de medalhas distribuídas:
327

Em Melbourne, Adhemar vira lenda olímpica brasileira

Em 1956, quando Adhemar Ferreira da Silva saltou 16,35 m na final do salto triplo, bateu um recorde que perduraria pelos próximos 48 anos. A marca não foi a melhor do mundo à época, nem mesmo a melhor da carreira do saltador. Mas foi com ela que Adhemar chegou ao bicampeonato olímpico, feito só igualado por brasileiros nos Jogos de Atenas, em 2004, pelos velejadores Torben Grael e Robert Scheidt e pelos jogadores de vôlei Maurício e Giovane.

O atleta paulista foi o único destaque do Brasil nas Olimpíadas de Melbourne. Com a distância, o alto custa da viagem e o cenário internacional incerto, apenas 48 brasileiros disputaram os Jogos. Em Helsinque-1952, a delegação verde-amarela teve 107 representantes.

Adhemar foi o único brasileiro a ganhar uma medalha em Melbourne. Como campeão olímpico em 1952, ele tinha quebrado o recorde mundial da prova em 1955, com a marca de 16,55 metros, nos Jogos Pan-Americanos da Cidade do México. Em 1956, o brasileiro superou o islandês Vilhjalmur Einarsson, com a marca de 16,35m. A marca, 15 cm a menos do que seu recorde pessoal, era o novo recorde olímpico.

Dois anos mais tarde, em 1958, Adhemar mostrou seu lado artístico, atuando no filme Orfeu Negro. Ele ainda foi escultor, professor de educação física, formou-se em direito e licenciou-se em relações públicas. Falava fluentemente cinco idiomas e chegou a trabalhar na embaixada do Brasil na Nigéria. Morreu no dia 12 de janeiro de 2001, aos 73 anos, vítima de diabetes.

O Brasil ainda levou outra lenda do esporte para a Austrália. Éder Jofre, o primeiro boxeador brasileiro campeão mundial, chegou perto da medalha. O paulista foi derrotado nas quartas-de-final, por pontos, pelo chileno Cláudio Barrientos, na categoria galo.

Clima político tenso

Na primeira Olimpíada do Hemisfério Sul, fora do eixo Europa-América do Norte, o Comitê Olímpico internacional violou pela primeira vez a carta olímpica. A lei australiana impôs uma quarentena de seis meses a todo cavalo procedente de outro país. O COI decidiu, então, mandou para Estocolmo, na Suécia, as provas de hipismo.

Os problemas dos Jogos, porém, não pararam aí. O contexto político internacional da época era preocupante. A intervenção franco-britânica no canal de Suez (Egito), o segundo conflito árabe-israelense, a violência na África do Norte, motivada pelas lutas pela independência, e a intervenção dos tanques soviéticos em Budapeste criaram dúvidas sobre a disputa dos Jogos.

Egito, Iraque e Líbano boicotaram os Jogos em protesto pelo conflito árabe-israelense. Israel enviou uma delegação de três atletas, por causa da convocação para servir o exército. Holanda, Espanha e Suíça não foram aos Jogos para protestar contra a invasão à Hungria. A China popular não participou por causa da presença de Formosa (atual Taiwan).

A intervenção soviética na Hungria causou tanta revolta que, no pólo aquático, membros das equipes soviética e húngara trocaram socos dentro da piscina. O jogo precisou ser suspenso quando a Hungria vencia por 4 a 0 e a polícia entrou em cena. Nesse cenário, a União Soviética terminou pela primeira vez na frente dos Estados Unidos no quadro de medalhas (98 a 74 no total).

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