As águas chinesas provaram trazer boa sorte para Fernanda Oliveira e Isabel Swan. Nesta segunda feira, em Qingdao, as duas venceram a regata da medalha e conquistaram o primeiro pódio da história da vela feminina brasileira.
A dupla levou o inédito bronze da classe 470, ficando atrás das campeãs olímpicas da Austrália, Elise Rechichi e Tessa Parkinson, e das holandesas Marcelien de Koening e Lobke Berkhout.
"A felicidade dos resultados que fomos conseguindo nas regatas nos deixava mais calmas cada vez que a gente se via mais perto da medalha", disse Fernanda. "A gente chegou bem e sabíamos que tínhamos boas chances. Até ganhamos a regata, isso foi bom demais!"
Para Isabel, a atitude da dupla foi essencial para a conquista. "Foi uma regata emocionante, muito rápida. Era meia hora para darmos tudo que tínhamos. Partimos sem medo", disse Isabel na saída da água. "Parece ouro para mim, porque trabalhamos demais. São três anos treinando juntas."
As brasileiras entraram na disputa da prova final na terceira colocação geral após as dez regatas classificatórias, sem chances de levar o ouro. Com o desempenho ruim da Holanda na prova decisiva que vale o dobro das demais, Fernanda Oliveira e Isabel Swan quase subiram uma posição e levaram a prata.
Fernanda e Isabel tinham 15 pontos de desvantagem para as holandesas e precisavam vencer a prova e torcer para que as rivais chegassem no máximo em nono lugar. Marcelien de Koening e Lobke Berkhout passaram a primeira bóia dando a prata para as brasileiras, mas no final se recuperaram e fecharam em sexto lugar, somando 55 pontos, contra 60 das brasileiras.
"A gente sabia que tinha essa possibilidade (de levar a prata), mas sabia que era remota. Acho que nosso resultado foi muito bom, não deu pra pôr a mão na prata mas isso fica para a próxima vez", brincou Fernanda, que admitiu que a dupla iniciou a decisão muito ansiosa.
"Não tivemos regatas na véspera, então a gente só treinou, tivemos um bom tempo de preparação. O difícil foi conter a expectativa, era uma ansiedade enorme", contou Fernanda.
Desde a largada, as brasileiras ficaram entre as primeiras colocadas. Na segunda perna de contra vento, porém, contornaram em segundo lugar e foram para o lado esquerdo da raia. A dupla da República Tcheca, que estava atrás, escolheu o lado direito da raia e acelerou. Vendo a mudança, as brasileiras foram mais rápidas e cambaram para a direita.
Elas aproveitaram o vento que surgiu daquele lado do percurso antes das israelenses Nike Kornecki e Vered Bouskila, que também lutavam pelo bronze e lideravam a prova. Com isso, aceleraram e contornaram a terceira bóia do percurso na frente de toda a flotilha.
As holandesas, porém, passaram a fazer a sua parte. Depois de um início de regata ruim, em que se atrapalharam com as australianas, que lutavam para garantir o ouro, elas se recuperaram e passaram em sexto na terceira bóia.
Nesta mesma marca, porém, a dupla espanhola sofreu uma punição e teve de pagar um 360. Com isso, caíram para o último lugar e acabaram com as chances das brasileiras, que tinham de torcer para que as holandesas perdessem algumas posições.
Sorte na China Antes das Olimpíadas, Fernanda e Isabel já davam mostras de que poderiam surpreender nas águas de Qingdao. Em 2006, na Semana Pré-Olímpica na mesma raia das provas olímpicas, elas terminaram em quarto lugar. O Mundial da classe no mesmo ano foi também disputado na China, em Rizhao, e as brasileiras voltaram a terminar em quarto lugar, o melhor resultado da história da vela feminina brasileira em classes olímpicas.