Brasil precisará de novas surpresas no pódio para atingir meta do top 10
A meta de pódios estabelecida pelo COB (Comitê Olímpico do Brasil) para a Rio-2016 estava em xeque. Nos primeiros dias de Jogos, o país havia acumulado frustrações em esportes que os dirigentes consideravam apostas certeiras. Então, Diego Hypolito e Arthur Nory apareceram. No último domingo (14), os ginastas conquistaram medalhas no solo, feito inédito e pouco considerado até nas projeções de cartolas nacionais. Com uma prata e um bronze de onde pouco se esperava, o Brasil reduziu a distância entre o desempenho dos sonhos e o choque de realidade que as Olimpíadas vinham apresentando.
Com isso, o déficit brasileiro, que chegou a ser de quatro medalhas na relação entre conquistas no Rio de Janeiro e a projeção do COB, chegou a duas - a ideia era fechar a primeira semana com sete pódios, mas só vieram cinco. Agora a reta final é decisiva para as expectativas do Brasil.
Só que o cenário ainda não é o ideal. As duas medalhas, "inesperadas" pela projeção mais realista, compensam alguns tropeços inesperados na primeira semana de competições, mas não todos. Agora, segundo a projeção traçada pelo COB, precisam acontecer mais duas surpresas para que o Brasil possa manter a projeção que fez antes dos Jogos Olímpicos.
A entidade estipulou objetivo de colocar o país entre os dez primeiros colocados no quadro geral de medalhas dos Jogos. Para isso, estimou que fosse necessário somar algo entre 23 e 27 pódios. Os dirigentes fizeram então um mapeamento de atletas nacionais contabilizando aspectos como histórico em grandes competições, desempenho recente, adversários e estado físico, por exemplo. Esse estudo foi cruzado com projeções das confederações, o que deu origem a uma lista de apostas para o país em cada esporte.
Os atletas da lista foram separados em categorias, de acordo com o favoritismo e a chance de vitória. No judô, por exemplo, o COB contava com pelo menos quatro pódios – saiu com três. Na natação, esperava-se ao menos uma medalha da piscina, que não veio. No tênis, a aposta dos dirigentes era a dupla formada por Bruno Soares e Marcelo Melo – eles passaram em branco. O mesmo aconteceu com Evandro e Pedro Solberg, eliminados precocemente no vôlei de praia.
São quatro perdas significativas no planejamento, parcialmente compensadas por Diego Hypólito e Arthur Nory. As projeções do COB mostravam ambos como chances menores de medalhas. A aposta era um pódio na modalidade, com Arthur Zanetti, o atual campeão olímpico das argolas. E ele conseguiu a prata. Diego, medalhista do último Mundial com um histórico ruim em Jogos Olímpicos, era considerado uma chance menor de medalha. Nory, pelo menos na prova de solo, não aparecia nem mesmo na lista mais longa de possíveis medalhistas. Mas os dois surpreenderam e, pela primeira vez, o país viu dois atletas no mesmo pódio em disputas individuais.
Nesta segunda-feira, Poliana Okimoto ganhou um bronze na maratona aquática - esperava-se que a medalha viesse da favorita Ana Marcela Cunha, mas a surpresa não alterou o planejamento. No boxe, Robson Conceição também já garantiu uma prata ou ouro, classificado que está para a final da categoria até 60 kg. Na praia, por último, a passagem de Larissa/Talita e Agatha/Bárbara para as semifinais também assegura ao menos um bronze.
Só que o Brasil precisa ir além. Isaquias, de quem se espera ao menos duas medalhas, estreou bem nesta segunda, classificando com folga à final da primeira das três provas que disputará no Rio. O vôlei de quadra também vive um dia decisivo, com o time de Bernardinho, dado como pódio certo, precisando vencer para não ser eliminado já na primeira fase. Outros esportes que ainda devem medalha são o boxe, que precisa de mais uma medalha além de Robson Conceição; o atletismo, com Fabiana Murer em destaque; a vela, com Martine Grael e Kahena Kunze ou um "milagre" de Robert Scheidt; o futebol masculino; Allan do Carmo, na maratona aquática masculina; e hipismo e levantamento de peso.