Etiene aposta em praia para fugir de cobranças antes da Rio-2016
Etiene Medeiros, 24, não fala abertamente sobre metas para as Olimpíadas Rio-2016. No entanto, a pernambucana tem convivido com cobranças cada vez mais enfáticas sobre sua participação nos Jogos. Para a realidade da natação feminina do Brasil, ela já amealhou feitos que garantem uma condição de desbravadora – só no ano passado, por exemplo, tornou-se a primeira mulher do país a obter um ouro nas piscinas de Jogos Pan-Americanos e também obteve um inédito pódio em Mundiais de esportes aquáticos. O status de Etiene em âmbito nacional mudou, e a atleta já percebeu isso. Tanto é que a praia virou parte imprescindível na preparação da nadadora para os Jogos Olímpicos.
“Muita coisa eu já converso com o Vanza [Fernando Vanzella, técnico da nadadora], como aclimatação e a própria Olimpíada. É preciso entrar numa energia total e movimentar a vida para que tudo seja encaminhado para isso. Está tudo no detalhe, mas vou levar um pouco mais tranquila. Vou voltar à minha praia, algo que eu deixei de fazer, e algumas coisas eu vou reformular para ficar mais tranquila”, contou Etiene em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.
Etiene tem índice para três provas da Rio-2016. A velocista já assegurou participação nos 100 m costas e nos 100 m livre dos Jogos, e ainda pode confirmar nesta quarta-feira (20) uma das vagas do país para os 50 m livre (é possível inscrever até dois atletas de cada nacionalidade em disputas individuais, e ela tem hoje o melhor tempo do país).
“Muita coisa passa na minha cabeça. Muita coisa passa na cabeça da imprensa. Muita coisa passa na cabeça de técnico e muita coisa passa na cabeça de dirigente. São muitas cabeças pensantes, mas é preciso ter muito cuidado. Só a gente sabe o que passa quando está no bloco e falam “em suas marcas”. São muitas pessoas trabalhando, mas você precisa ter um sonho traçado na cabeça”, disse a nadadora.
Medalhista de prata no Mundial júnior em 2008, Etiene começou a subir de patamar em 2014, quando saiu do Mundial de piscina curta de Doha (Qatar) com dois ouros e um bronze – com direito ao recorde mundial dos 50m costas. No ano passado, frequentou quatro vezes o pódio dos Jogos Pan-Americanos e ainda se tornou a primeira brasileira a obter uma medalha em Mundiais de piscina longa. Além disso, conquistou índices olímpicos nos 50m livre e nos 100m livre durante a seletiva realizada em Palhoça (SC).
O desempenho foi o suficiente para alterar o status de Etiene entre os próprios atletas: “É uma coisa com a qual a gente tem de ter cuidado. Ao mesmo tempo, receber com tranquilidade. Não dá para se estressar, mas um puxa aqui e dá um abraço, você tem de fazer aquecimento antes. Isso tudo para mim é meio novo, mas eu estou conseguindo me enquadrar. Converso muito com as pessoas que me ajudam para caramba”, relatou a atleta, que já sentiu o assédio aumentar durante o Troféu Maria Lenk, última seletiva da natação brasileira para a Rio-2016.
O Maria Lenk também é um bom parâmetro de popularidade com torcedores. Etiene levou seus parentes para as arquibancadas do Estádio Aquático Olímpico, mas não foi (apenas) por isso que ela teve o nome ovacionado no local.
“É uma coisa com a qual a gente tem de ter cuidado. Ao mesmo tempo, receber com tranquilidade. Não dá para se estressar, mas um puxa aqui e dá um abraço, você tem de fazer aquecimento antes. Isso tudo para mim é meio novo, mas eu estou conseguindo me enquadrar. Converso muito com as pessoas que me ajudam para caramba”, finalizou Etiene.
“Às vezes dá uma mexida. Normal. Eu sou de carne e osso, né? Ter a pressão e aquele povo colocando você na parede existe. Quem disser que não existe é mentiroso, realmente. Então você tem de se manter calmo. Hoje eu estou numa fase em que mais tranquila eu estiver, mais resultado vai sair”, completou a nadadora.