Olimpíadas 2016

Brasil decide ter cinco em revezamento e amplia chance de Cielo na Rio-2016

Satiro Sodré/ SSPress
Cielo tem apenas o sétimo tempo dos 100m livre, mas ganhou força para integrar revezamento imagem: Satiro Sodré/ SSPress

Fabio Aleixo e Guilherme Costa

Do UOL, no Rio de Janeiro

Cesar Cielo, 29, fez apenas o sétimo tempo das seletivas brasileiras para os 100m livre da Rio-2016. Ainda assim, o desempenho dele na última segunda-feira (18) colocou o nadador mais perto de competir no revezamento 4x100m livre dos Jogos Olímpicos deste ano. A CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) já decidiu ter cinco atletas na prova coletiva, e a inclusão de Cielo nessa lista depende fundamentalmente do que ele vai fazer na próxima quarta-feira (20), na qualificação para os 50m livre (eliminatórias às 9h30 e provas finais às 17h).

Já classificado para disputar o 4x100m livre na Rio-2016, o Brasil pode inscrever até seis atletas na prova. Quatro já estão garantidos (Marcelo Chierighini, Nicolas Nilo Oliveira, João de Lucca e Matheus Santana, donos dos melhores tempos do país nas seletivas da distância), e o time será anunciado no próximo sábado (23), depois de uma clínica de três dias que a equipe brasileira fará no Rio de Janeiro.

A partir disso, a questão passa a ser estratégica. Se levar nadadores que não estão em provas individuais para completar os seis lugares do revezamento, o Brasil é obrigado a usá-los nos Jogos (ou nas eliminatórias, ou na final). A regra é uma novidade em relação a Londres-2012, quando 12 nadadores inscritos em disputas coletivas não foram à piscina durante a competição.

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Essa regra já funcionou em Kazan, e isso ligou um alerta para a CBDA. Austrália e Estados Unidos, times cotados ao pódio olímpico no 4x100m livre, usaram reservas nas eliminatórias e acabaram alijados da prova final.

“Os quatro melhores são o que teoricamente nós temos garantidos. O resto nós vamos estudar em outras circunstâncias. Que diferença tem o quinto do quarto, como você pode evoluir, a clínica de revezamento que nós vamos fazer. Tem tudo isso ainda”, disse Ricardo de Moura, diretor-executivo da CBDA.

Hoje em dia, o quinto e o sexto tempo do Brasil nos 100m são de Gabriel Silva Santos, 20, e Alan Vitória, 30. A adição de um reserva é importante por causa do cronograma de provas dos atletas – o revezamento 4x100m livre é logo no primeiro dia de competição –, mas nenhum deles é unanimidade.

“Como você pega um júnior que subiu isso tudo? Você viu como ele nadou as provas? A personalidade foi sensacional, e isso tudo você tem de avaliar. Ao mesmo tempo, ele não tem experiência ou troca. E como as coisas estão muito próximas, centésimos nessa troca podem valer medalha”, completou Moura.

Se não levar reservas, o Brasil pode pegar qualquer nadador inscrito em provas individuais da Rio-2016. Com isso, os primeiros nomes passariam a ser naturalmente os nadadores inscritos nos 50m livre, que também são velocistas.

O melhor tempo do Brasil nos 50m livre hoje é de Bruno Fratus, 27, que não conseguiu classificação sequer para a final A dos 100m livre no Troféu Maria Lenk. Ele integrou o time que conquistou um quarto lugar no 4x100m livre do Mundial de esportes aquáticos de 2015, disputado em Kazan (Rússia).

No entanto, se Cielo conseguir uma das vagas nos 50m livre, ele passará a ser naturalmente uma opção muito cotada para o revezamento 4x100m livre. O nadador ainda é o recordista mundial dos 100m livre (46s90 em 2009).

A comissão técnica da seleção brasileira valoriza muito a experiência e o peso que Cielo tem para a natação mundial. Além disso, o melhor rendimento do nadador na prova é muito melhor do que os tempos mais fortes do país atualmente (o melhor índice para a Rio-2016 é de Marcelo Chierighini, que nadou 48s20 no Maria Lenk). No planejamento da CBDA, é preciso ter pelo menos dois atletas fazendo os 100m na casa de 47s para brigar por medalha. O atual recordista mundial ainda é visto como um dos que têm mais margem para isso.

Nadadores classificados pedem que formação do time respeite o ranking

Para os nadadores que fizeram os melhores índices, porém, essa questão estratégica ainda é secundária. Na última segunda-feira, depois de terem confirmado os melhores tempos das seletivas dos 100m, os brasileiros disseram que esperam ver o ranking como critério para a formação do revezamento.

“Essa é uma decisão que eles vão tomar na hora. Só peço que eles saibam fazer a coisa certinho, e o que for melhor para o Brasil a gente vai saber aceitar. É claro que a gente está aqui competindo e brigando por essa vaga até o fim, mas a gente deixa isso para uma decisão deles”, disse Nicolas Nilo.

“Na minha cabeça, eu estou dentro das Olimpíadas. São milhões de fatores que vão definir quem vai nadar. Se eu não estiver bem no dia, talvez eu possa abrir minha vaga para algum atleta que esteja melhor e que represente melhor o país. Não é uma coisa muito certa ainda. Os quatro atletas têm preferência de escolha se vão nadar ou não, porém a gente tem de saber que são muitas variáveis que podem acontecer ao longo do caminho”, completou João de Lucca.

O caso mais curioso é o de Gabriel Silva Santos. O nadador comemorou a quinta vaga, mas pode acabar fora do revezamento. “Acho que é justo termos os dois melhores tempos. No caso, eu seria um reserva. O terceiro e o quarto tempos nadariam a final. Acho que isso seria o justo”, avaliou.

“Sou um menino. Estou numa constante evolução. Acredito mais na minha evolução do que eles tomarem meu lugar. Eu posso melhorar ainda. Eles têm melhores marcas, mas eu estou numa fase boa. Espero melhorar sempre e garantir minha vaga”, finalizou o atual dono do quinto tempo.

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