A três anos do Rio-2016, Paraná lança projeto para detecção de atletas
Guilherme Costa
Do UOL, em São Paulo
A pouco menos de três anos do início dos Jogos Olímpicos de 2016, que serão sediados no Rio de Janeiro, a Secretaria de Esporte do governo do Paraná lançou na última sexta-feira um projeto para aprimorar a detecção de novos talentos no esporte. A iniciativa, chamada de "DNA Olímpico", será voltada a garotos que participam de projetos sociais no Estado.
A base do projeto é o uso de análises de DNA para identificação da proteína ACTN3. "Ela está relacionada ao desempenho humano e à potencialidade de desenvolver força e velocidade", explicou Antônio Carlos Dourado, diretor do IPCE (Instituto Paranaense de Ciência do Esporte), que é uma autarquia da Secretaria de Esporte.
Os projetos sociais da Secretaria de Esporte do Paraná atendem atualmente a um contingente entre 12 mil e 15 mil crianças. A meta inicial do DNA Olímpico é realizar 2 mil análises de DNA ainda em 2014.
"A ideia é pegar a criança lá na escolinha de esporte e conhecer a característica genética. Se você encontrar a proteína ACTN3 e informar ao técnico, ele poderá desenvolver práticas mais focadas na potência e na velocidade. Aquela criança poderá fazer mais modalidades de velocidade. Se o garoto não apresentar a proteína, pode ir para como o triatlo, que é um exercício de longa duração", disse Dourado.
Depois do lançamento para o público, a Secretaria fará nesta semana um edital para convocar universidades interessadas em assumir os testes. Os passos seguintes serão abertura de concorrência e repasse de recursos. A ideia é que as análises comecem no início de 2014.
Pela proporção, o projeto "DNA Olímpico" é uma novidade no Brasil. O país já tem iniciativas similares, mas em tamanho menor. Também há outras ações com o mesmo foco em outras regiões – Austrália, Estados Unidos e Inglaterra, por exemplo.
"O grande diferencial desse nosso projeto é que ele inverte o caminho normal da pesquisa no Brasil. Aqui, uma pessoa que quer desenvolver um estudo vai agências de fomento e tenta arrecadar o dinheiro. Nós já temos o dinheiro das agências de fomento, mas vamos buscar as universidades", completou Dourado.
A Fundação Araucária, entidade de fomento do Paraná, vai investir aproximadamente R$ 1 milhão no projeto. O Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, programa de âmbito nacional) destinará mais R$ 1,5 milhão.
"Estamos falando aqui de algo de longo prazo, que está só começando. Estudos de genética são complexos e demandam coisas como equipamentos, laboratórios e pessoas competentes. Além disso, é um projeto voltado à detecção. Queremos identificar dentro do universo de crianças que participam dos projetos quantas apresentam um físico diferente", afirmou o diretor.
O projeto paranaense começou a ser discutido há dois anos. O que mais chama atenção na iniciativa é o foco de longo prazo, a despeito de o Brasil ser sede dos Jogos Olímpicos de 2016.
"Podia ter sido antes? Podia, mas não foi feito. Não podemos deixar a coisa andar sem fazer nada", encerrou Dourado.