Zé Roberto deixa Dilma esperando na comemoração e conta superstição com corcunda

Gustavo Franceschini

Do UOL, em Londres (Inglaterra)*

  • AFP PHOTO / KIRILL KUDRYAVTSEV

    Técnico José Roberto Guimarães recebeu os parabéns da presidente Dilma pelo telefone

    Técnico José Roberto Guimarães recebeu os parabéns da presidente Dilma pelo telefone

O primeiro tricampeão olímpico brasileiro da história foi muito requisitado após a conquista do título do vôlei feminino em Londres. Muito festejado pelas suas comandadas, José Roberto Guimarães se deu ao luxo de deixar ninguém menos que a presidente Dilma Rousseff à sua espera no telefone.

“O Léo [membro da comissão técnica] veio me chamar aquela hora na zona mista porque parece que ela tinha ligado, mas como eu cheguei tarde a conexão caiu”, disse o treinador, ainda na entrevista coletiva. O chamado da presidente ficou para depois porque o treinador não deixou de atender nenhum dos vários jornalistas que se acotovelaram na zona mista do ginásio de Earl's Court, em Londres, para ouvi-lo.

Mais tarde, ele ainda conversava com os repórteres quando Ary Graça, presidente da CBV (Confederação Brasileira de Vôlei), teve de resgatá-lo. "Zé, vamos embora que a presidente já te ligou três vezes e eu vou me ferrar", disse o cartola, com bom humor.

No começo da noite, a presidente Dilma publicou uma nota no "Blog do Planalto" parabenizando o time brasileiro e ressaltando ter conversado com Zé Roberto e com a capitã Fabiana por telefone, além de citar todas as jogadoras.

"Com imensa alegria, eu e milhões de brasileiros acompanhamos nesta tarde a conquista da medalha de ouro e do bicampeonato da seleção feminina de vôlei nos Jogos Olímpicos de Londres. Nossas jogadoras mostraram como o esforço e a dedicação, mesmo nos momentos mais difíceis, são sempre recompensados com a superação de obstáculos e a realização de objetivos e sonhos. Parabéns a elas por essa conquista", disse a nota assinada pela presidente Dilma, que jogou vôlei no colégio na posição de levantadora.

Questionado sobre a importância do seu feito para o esporte brasileiro, Zé Roberto foi modesto. "Não tenho explicação, só tenho a agradecer. Agradecer a todos os professores do Brasil, à confederação, que sempre apoiou o nosso trabalho. Por enquanto não caiu a ficha. É um feito muito legal", disse o treinador, que definiu sua trajetória como a de uma pessoa "perseverante". "Principalmente nos momentos mais difíceis, como em Atenas, em 2004, e agora", disse ele.

Só que o treinador é supersticioso, e já tinha recebido um sinal de que a conquista viria, apesar das dificuldades. "Em 92, eu lembro que eu ia em um restaurante em que um dos garçons era corcunda, e diz a lenda que você tem de colocar a mão nele para fazer um pedido. Aí eu comecei a conversar com o cara, consegui colocar e deu sorte", relembrou. 

"Aí desta vez, antes de entrar na Vila Olímpica minha credencial deu problema. Eu estava esperando e vi um corcunda trabalhando na segurança. Eu fiquei louco, porque eu tinha de dar um jeito de colocar a mão e fazer um pedido. Aí fiquei arquitetando um plano, falei com o Rodrigo, do COB, que estava comigo, e ele me disse que tinha um pin. Era o que eu precisava. Eu cheguei, entreguei o pin para ele, coloquei a mão e fiz o pedido", disse o treinador, aos risos. 

*Atualizado às 20h30

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