"Prefiro não lembrar", diz técnico de hóquei que participou da operação que matou Jean Charles
Do UOL, em São Paulo
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Andy Halliday hoje é técnico da seleção de hóquei do Reino Unido; pensamento está só na medalha
Deixar o passado para trás. É o que espera Andy Halliday, ex-membro da Scotland Yard que participou da operação que matou equivocadamente o brasileiro Jean Charles, no dia 22 de julho de 2005. Hoje técnico da seleção masculina de hóquei na grama do Reino Unido, ele tenta esquecer o que aconteceu e pensar apenas em levar a sua equipe a uma medalha nos Jogos Olímpicos de Londres.
“Prefiro não lembrar mais desse passado. Aconteceu e nada pode mudar. Hoje sirvo ao meu país de outro jeito. Antes era policial e hoje sou o treinador. Estamos em uma Olimpíada e nem gostaria de falar sobre um fato ocorrido há sete anos. Meu foco é a medalha de ouro”, disse Andy Halliday ao Marca Brasil após a partida de estreia de sua equipe diante da Argentina, segunda-feira.
Halliday preferiu não informar qual era a sua exata função na operação que resultou na morte do brasileiro, poucos dias depois dos atentados ao metrô e a um ônibus da capital inglesa que fizeram 52 mortos.
Confundido com o terrorista etíope Hussain Osman, um dos envolvidos nos ataques do dia anterior em Londres, Jean Charles foi morto com sete tiros na cabeça sem esbanjar qualquer reação. A ação foi filmada pelo circuito interno da estação de metrô.
“Muitas coisas aconteceram depois e minha vida mudou. Porém, sou uma pessoa feliz. O caso Jean Charles é passado, na época foi triste, mas tive que seguir a vida e superar esse erro”, afirmou o ex-policial, que estava na corporação há 20 anos e participava da coordenação da ação no QG da Scotland Yard em Londres.
Durante o inquérito que investigou o caso, Hallidey recebeu o convite para comandar a seleção masculina de hóquei do Reino Unido, no mesmo dia em que foi interrogado pela Comissão Independente de Queixas contra a Polícia (IPCC, na sigla em inglês).