Ascensão dos Brics e declínio do G7 ainda são fenômenos sutis na economia olímpica
Do UOL*, em São Paulo
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AFP PHOTO/MARWAN NAAMANI
China é o único dos Brics que transferiu o poder econômico em força olímpica
Divida os países da Olimpíada em blocos e compare as medalhas da mesma maneira que faria com indicativos econômicos. Você vai descobrir que o cenário mundial atual da economia é bem diferente do que o acontece no mundo olímpico. É verdade que os países do grupo dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) estão ascensão e as nações do G7 (Canadá, França, Alemanha, Reino Unido, Itália, Japão e Estados Unidos) perderam força, mas esse fenômeno é bem menor do que o que se vê no mundo real.
AS NAÇÕES ALHEIAS AO FENÔMENO
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Fora dos dois grupos, as Olimpíadas têm nações com performances econômicas e olímpicas muito diferentes. A Austrália, por exemplo, é uma potência do esporte, com 196 medalhas conquistadas nas últimas quatro edições dos Jogos, mas está longe do grupo de nações mais do mundo economicamente. O mesmo acontece em países como Quênia e Etiópia, pobres economicamente, mas que usam as qualidades físicas únicas para conquistar medalhas nas provas de longa distância do atletismo – o Quênia, por exemplo, conquistou cinco ouros em Pequim e 15 medalhas no total, mas do que o Canadá, por exemplo.
“Fora a China, que cresceu dramaticamente nos dois campos, a força que os Brics mostram na economia mundial ainda não é vista no quadro de medalhas das Olimpíadas. E grande parte da explicação disso são as características de Índia e África do Sul. Na Índia, o cricket é o esporte mais praticado, mas em termos olímpicos, eles só têm sucesso no hóquei. Já a África do Sul é um país muito esportivo, mas também é mais forte em cricket e rugby”, explica John Hawksworth, economista chefe da empresa de avaliação de riscos Price Waterhouse Coopers.
Em Londres-2012 (até as 11h40 desta segunda-feira), o cenário é o seguinte. Entre os países do G7, Estados Unidos, França e Itália aparecem entre os dez primeiros. Nos Brics, China (que lidera o quadro) e Brasil estão no mesmo patamar. Além disso, os membros do G7 já somam 32 pódios, contra 20 dos Brics.
A comparação entre a flutuação de força entre os dois blocos fica mais evidente nos dados históricos. O G7 conquistou 38% das medalhas dos Jogos de Atlanta-1996 e, em 2008, essa representatividade caiu para 32%. Já os Brics foram de 17% a 26% de Atlanta a Pequim – e a China teve papel primordial nesse crescimento, indo de 50 medalhas em 1996 a 100 em 2008 (quando terminou com mais ouros do que os EUA).
O crescimento brasileiro não é tão evidente. Hoje a sexta economia do mundo, no mesmo período em que a China foi do quinto lugar ao primeiro no quadro de medalhas, os brasileiros nunca ultrapassaram a 16ª posição (em Atenas-2004) – além disso, o número de pódios flutuou entre 10 (ironicamente em 2004) e 15.
* Com informação da Reuters