Gordinha rock'n roll usa até a MTV contra preconceito com levantamento de peso

Do UOL, em São Paulo

  • Reuters/Lucas Jackson

Holley Mangold não tem o corpo de uma estrela do esporte. Com 1,73m e 160 kg, quem a vê pelas ruas nunca diria que ela é uma atleta olímpica. Ainda assim, a gordinha é a maior aposta (em todos os sentidos) dos Estados Unidos para acabar com o preconceito que o levantamento de peso enfrenta por lá.

ORGULHO DO IRMÃO

Jeff Zelevansky/Getty Images
A conquista da vaga olímpica foi um momento especial para mim. Orgulho mesmo. Ela é tão competitiva quanto eu. A família toda é assim. Ninguém gosta de perder

Nick Mangold, o irmão mais velho de Hollye e jogador do Jets, da NFL

Muito mais do que suas habilidades atléticas, são as características longe das competições que fazem de Holley uma rock star do levantamento de peso. Aos 22 anos, já foi a estrela de um programa da MTV, é irmã de  um astro da NFL e é a mais carismática atleta que a modalidade já viu surgir.

Duvida? É só perguntar como ela encara os olhares por seu tamanho. “Eu nunca quis ser a meninha magrinha. Ninguém nunca lembra o nome dela”, diz a atleta, em entrevista ao NY Times. “Quando eu entro em uma sala, todos olham e se impressionam. Eu gosto disso. Gosto de pensar que todos estão olhando porque eu sou sexy demais”.

“Ela é diferente, tem um astral único. É o tipo de personalidade que é perfeito para transformar o levantamento de peso. Ela pode fazer com as mulheres se interessem pelo esporte. Além disso, ela tem uma agilidade que nunca vi em alguém do seu tamanho”, elogia, à ESPN.com, Cheryl Haworth, última norte-americana a conquistar uma medalha olímpica na modalidade, bronze em Sydney-2000.

Mas não é só isso que transforma Holley em uma atleta rock’n roll: em 2010, ela foi a estrela de um programa da MTV dos EUA, chamado True Life. Em seu episódio, chamado “I’m the big girl” (algo como “Eu sou a grandalhona”), ela mostra como lida com a questão de seu peso e com as dificuldades no esporte.

“Eu sei que não posso fazer muita coisa em relação ao meu corpo. Eu até pensei em fazer ginástica artística ou natação, mas eu sabia que não iria a nenhum lugar com esse corpinho”. O corpinho, aliás, a fez virar vítima de preconceito em um ambiente bem diferente do que o normal.

Se na escola era ela popular e considerada uma “máquina de fazer amigos” (termo usado pela ESPN.com), em sua primeira competição pela seleção, em um Mundial Junior em 2009, ela foi considerada muito gorda. “Eu era a novata, ninguém me queria por perto. Falavam pelas costas. E falavam mal. Diziam que eu era uma vergonha para os Estados unidos porque eu era gigante”, lembra Hollye.

Apesar da vontade de desistir, ela seguiu no esporte, para orgulho de sua família. “O tamanho nunca a incomodou. Para ela, não tem nada de errado. Ela está confortável com quem ela é. Na escola, os garotos nunca a incomodaram. Ou melhor, só elogiavam, porque com o corpo que ela tem, podia derrubar mais gente”, conta a mãe, Therese Mangold.

Derrubar garotos era uma tradição na família. O primeiro a fazer isso foi o irmão mais velho, Nick. Jogador de futebol americano, hoje ele é uma das estrelas da linha ofensiva do New York Jets, da NFL, com direito a quatro convocações para o Pro-Bowl, o jogo das estrelas do futebol americano, e três prêmios de All-Pro, o título de melhor da temporada em cada posição.

Inspirada pelo irmão, Hollye também jogou futebol, por 12 anos. Em times masculinos e com muito sucesso: era titular da equipe quando sua escola foi vice-campeã estadual. Foi daí, inclusive, que veio a inspiração para chegar ao levantamento de peso. “Eu puxava peso para o futebol desde que entrei na equipe. E meu técnico sempre dizia: ‘você até que é forte para uma menina’. Era para ser um insulto, mas eu o considerei um elogio”.

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