Brasileiro troca futebol pela marcha atlética, ouve piadas e explica "rebolada" da corrida
José Ricardo Leite
Do UOL, em São Paulo
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Marcelo Ferrelli/CBAt
Caio Bonfim, atleta brasileiro da marcha atlética, em ação pelo Troféu Brasil
Caio Bonfim, 21 anos, poderia ter seguido a carreira no futebol. Jogava nas categorias de base do Brasiliense e nem tinha a dificuldade de ter que se mudar de cidade, já que a família é do Distrito Federal.
Mas ele optou por um caminho mais difícil: decidiu praticar a modalidade da marcha atlética, corrida estranha em que os corredores têm que contorcer o quadril e as pernas. Mas a escolha, diz o atleta, não foi tão difícil pelo fato de sua mãe, Gianette Bonfim, ser uma ex-marchadora. Ele será um dos representantes do país nos Jogos Olímpicos de Londres.
“Eu tentei o futebol, mas o meu time ainda era fraco [na categoria] de base e o atletismo me trouxe muito mais. Uma hora tive que optar pela marcha. Foi muito fácil e natural, não me arrependo”, falou.
Ele conta que já sofreu um pouco com piadas sobre a “rebolada” de sua prova e explica para os leigos o porquê destes movimentos no esporte.
“Minha sorte é que como minha mãe é ex-marchadora, os amigos já eram habituados. Eram acostumados e me deram apoio. Mas claro que na rua a gente sempre escuta uma piadinha, uma buzinada, mas na minha cidade a maioria já se acostumou e não fala mais, mas sofri um pouco no começo sim”, falou.
“É diferente, as pessoas não estão acostumadas. Mas tem duas regras. Eu tenho que entrar com a perna totalmente esticada, estendida no solo, e não posso tirar os dois pés ao mesmo tempo. Tenho que caminhar rápido, não posso correr. Aquilo então que faz parecer uma rebolada é que eu tenho que entrar com a perna estendida. Como eu não dobro o joelho, o desvio vai para o quadril. Então tenho jogo de quadril maior do que se eu corresse, porque lá eu dobro joelho. É o detalhe da prova. A maioria dos que rebolam muito não são os bons, tem que ter equilíbrio”, continuou.
Caio pretende ir com a família toda para os Jogo Olímpicos. Ele vai competir no mesmo dia do aniversário da namorada, Juliana Ribeiro, de 18 anos. Ela tenta se programar para ir para a competição e para isso precisa da ajuda da tia do atleta, que é sua chefe em seu trabalho, uma escola de reforço em pedagogia .
“Ela está estudando e faz um estágio. A sorte dela é que está trabalhando com minha tia, que certamente pode liberá-la nessa época. Creio que ela vai conseguir ir. É uma semana só. Não vai ocupar muito tempo. Elas são pedagogas e trabalham numa escola de reforços", finalizou.