Alvaro Afonso de Miranda Netto, o Doda, já foi a quatro Olímpiadas e tem duas medalhas de bronze, mas tornou-se realmente conhecido no Brasil pelo casamento com uma milionária e pelo suicídio de sua ex-mulher. O reconhecimento esportivo, que já existe no meio hípico, pode se estender ao restante do público caso ele saia dos Jogos de Londres com um bom resultado. Com a ajuda providencial de Turíbio Leite, espécie de guru da medicina esportiva, o cavaleiro sonha alto e quer trazer o segundo ouro do país nos saltos.

Ele ainda aguarda a convocação da seleção, mas seus resultados praticamente o garantem nos Jogos Olímpicos. Doda terminou o Global Champions Tour, o principal circuito do hipismo mundial, em terceiro lugar no ano passado. Em toda a temporada, venceu 12 GP's de diferentes competições. Este ano, apesar de um de seus cavalos ter sido operado em fevereiro, ele já é o brasileiro melhor colocado. 

Parte importante da confiança na busca pelo ouro passa pela correção de um problema que o incomoda desde o início da carreira. Aos 11 anos, ele levou um tombo e sofreu uma rotação do fêmur, que nunca foi totalmente corrigida. Vários anos (e algumas outras quedas) depois, seu corpo tornou-se desequilibrado. O lado direito é menos musculoso, o que atrapalhava desde o seu aquecimento até a maneira como ele conduzia o cavalo. 

"Ele tinha um certo prejuízo, faltava um maior equilíbrio muscular. Quando você está mais forte de um lado que do outro, você acaba passando isso para o animal", explica Turíbio Leite, que trabalhou durante muitos anos como fisiologista do São Paulo.

O trabalho com Doda é a estreia do médico, responsável pela recuperação de Kaká após a Copa de 2010, no hipismo. O cavaleiro o procurou e foi convidado a fazer uma bateria de testes em São Paulo. Além dos exames mais comuns, ele passou por uma avaliação isocinética enquanto montava, justamente pra medir o desequilíbrio muscular no corpo. 

Com os resultados em mãos, ele recebeu uma série de exercícios e será acompanhado de perto por Turíbio em alguns de seus treinos na Bélgica. “Ele montou um esquema incrível de trabalho. Eu já estou conseguindo ver muita diferença”, disse Doda. 

Aliado à recuperação de seu principal cavalo, que foi operado no início do ano, o trabalho médico pode colocar Doda no caminho do ouro que ele desperdiçou em 1996. “Em Atlanta, eu estava na frente na final individual e perdi a medalha cometendo uma falta em um lugar em que ninguém está errando. Foi nervosismo. Hoje estou muito mais preparado. Se estiver em uma dia iluminado e saltar bem posso brigar de igual para igual pelo ouro individual”, disse Doda. 

Certamente, o título olímpico que lhe escapou há 16 anos mudaria a percepção que o país tem dele. Doda começou a frequentar as revistas de celebridade em 2005, quando casou-se com Athina Onassis, única herdeira de um magnata grego dono de uma das maiores fortunas do planeta. 

“Ela é acostumada com isso desde criança, sempre se escondia de jornalistas. Eu levei um susto no começo. Nunca fui famoso nesse nível. Tinha duas medalhas olímpicas [no salto por equipes], mas a repercussão é infinitamente menor que o nome dela”, explicou Doda. 

No ano passado, um caso antigo colocou seu nome novamente nos manchetes por conta de uma tragédia. A ex-modelo Cibele Dorsa, com quem Doda teve uma filha, suicidou-se e deixou uma carta com uma série de acusações ao cavaleiro, que chegou a impedir a publicação do texto na Justiça.

Hoje, ele trata o incidente como “uma porrada” que recebeu, mas fala em “seguir com a vida”. Viviane, a filha que teve com Cibele, e Fernando, do primeiro casamento da ex-modelo, hoje vivem com o atleta na Europa.