Presidente da APO quer reduzir obras para Rio-2016: "na candidatura, pusemos muita coisa"

Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro

  • Wilson Dias/ABr

    Márcio Fortes reavalia projetos para Olimpíada e deve fechar orçamento para evento em novembro

    Márcio Fortes reavalia projetos para Olimpíada e deve fechar orçamento para evento em novembro

O presidente da Autoridade Pública Olímpica (APO), Márcio Fortes, está decidido. Quer cortar da lista de obras para a Olimpíada de 2016 tudo o que não for extremamente essencial para a realização dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.

Por isso, ele estuda com o Comitê Olímpico Internacional (COI) e representantes do governo uma revisão completa das promessas feitas na campanha do Rio para se tornar sede da Olimpíada. Assim, ele quer reduzir ao mínimo possível o “custo” da Rio-2016.

PERFIL DO CHEFE DA APO

Saiba quem é o presidente da Autoridade Pública Olímpica
Nome: Márcio Fortes de Almeida
Nascimento: 09 de agosto de 1941
Cidade natal: Rio de Janeiro
Profissão: político, advogado e diplomata
Experiência: ex-ministro das Cidades (de 2005 até 2010)
Partido: PP (Partido Progressista)

“Na candidatura, pusemos muita coisa”, afirmou Fortes, em entrevista ao UOL Esportes. “Estamos reavaliando tudo. Se o item não é essencial, ele não pode estar na lista de obras para a Olimpíada.”

À frente da APO desde julho do ano passado, Fortes é ex-ministro das Cidades e o encarregado oficial de garantir que tudo esteja pronto para a Olimpíada de 2016. Para ajudá-lo, ele conta com 40 funcionários nomeados por ele e que se dividem em um escritório no Rio e outro em Brasília. “Aqui já está ficando pequeno para a gente”, disse Fortes, sobre a sala que a APO ocupa no centro do Rio, onde falou ao UOL. “Vamos mudar em breve.”

Acostumado a lidar com obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), ele sabe que o monitoramento de construções é complexo. Portanto, quer diminuir a quantidade de obras que precisará supervisionar para poder garantir que elas serão entregues a tempo. 

Ele disse que o estudo das obras realmente necessárias para a Olimpíada está sendo feito em etapas. A APO, o COI, o governo do Estado do Rio de Janeiro e a Prefeitura do Rio devem terminar esse trabalho em novembro, quando a lista de obras será divulgada oficialmente.

Só aí será possível dizer quanto custará a Olimpíada de 2016. “Essa pergunta não tem resposta ainda”, admitiu Fortes, perguntado sobre o investimento necessário para os Jogos. “Na candidatura, você coloca uma estimativa, sem projetos básicos e executivos. Ninguém em sã consciência pode dizer quanto uma obra vai custar sem os projetos."

O presidente da APO já adiantou, entretanto, que o orçamento deve conter menos obras do que o inicialmente previsto. Boa parte do corte deve acontecer na área de transporte e de infraestrutura da cidade. “Na candidatura para os Jogos, estávamos decididos em tentar mudar a cidade, mas isso não pode estar na conta da Olimpíada”, explicou Fortes. “O metrô, por exemplo, não pode ser gasto olímpico.”

ORÇAMENTO

Ninguém em sã consciência pode dizer quanto uma obra vai custar sem ter os projetos

Sobre a dificuldade de saber quanto custará a Rio-2016

De acordo com a Controladoria Geral da União (CGU), a candidatura do Rio de Janeiro à Olimpíada de 2016 previa a construção de três linhas de corredores exclusivos para ônibus na cidade, os chamados BRTs. Segundo Fortes, na conta da Olimpíada, devem ficar só dois: o Transolímpico, que ligará os parques olímpicos da Barra e de Deodoro, e o BRT Zonal Sul-Barra, que também servirá de corredor de acesso rápido a atletas e autoridades.

Fortes ressaltou que o corte dessas obras do orçamento da Olimpíada não quer dizer que elas não serão feitas. Ele disse o Rio de Janeiro vem recebendo grandes investimentos do governo federal, estadual e municipal. O que está sendo planejado para a cidade deve ser feito, mas não por conta dos Jogos. “O Maracanã está sendo reformado para a Copa. O aeroporto também”, disse. “Eles não estarão na lista projetos da Rio-2016.

PAN DE 2007

Quando você faz uma obra em cima da hora, tem gastos extras

Sobre o aumento do custo do Pan de 2007, sediado pelo Rio

Com uma lista de obras mais “enxuta” e bem estudada, o presidente da APO espera evitar problemas como os do Pan de 2007. O Jogos realizados no Rio custaram cerca de dez vezes mais do que o previsto, segundo o Tribunal de Contas da União (TCU). Segundo Fortes, a falta de planejamento e as obras feitas a poucos dias do evento atrapalharam. “Quando você faz uma obra em cima da hora, tem gastos extras”, disse.

Para a Rio-2016, Fortes quer evitar isso. Apesar do orçamento oficial ainda não ter sido anunciado, Fortes disse que as obras mais importantes já estão sendo providenciadas.

O Parque Olímpico da Barra da Tijuca, por exemplo, já foi licitado e os próprios BRTs já estão em fase de contratação. Por isso, ele acredita que tudo estará pronto a tempo dos testes preliminares. “Tudo tem seu cronograma próprio e as coisas estão andando”, afirmou.

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