Favorita em Londres, Fabiana Murer diverge do marido-técnico sobre presença no Rio, em 2016

Pedro Taveira

Do UOL, em São Paulo

  • Lee Jin-man/AP

    A brasileira Fabiana Murer é atual campeã mundial no salto com vara e é favorita em Londres

    A brasileira Fabiana Murer é atual campeã mundial no salto com vara e é favorita em Londres

É indiscutível que Fabiana Murer, atual campeã mundial no salto com vara, é uma das favoritas à medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Londres. Mas, quando o assunto é Rio-2016, a brasileira diverge de seu treinador Élson Soares, que é também seu marido.

Sonhando em disputar uma Olimpíada em casa, a atleta terá de provar ao técnico que poderá ser competitiva pelos próximos quatro anos.

Aos 30 anos, a própria Murer afirmou em entrevista nesta sexta-feira que o fim da carreira de uma atleta se dá normalmente por volta dos 33 anos. Em 2016, ela terá 34 e, portanto, já estará em fim de carreira. Mas ela se apega ao fato de o salto com vara ser uma modalidade recente entre as mulheres (virou esporte olímpico em 1992) para apostar que estará no Rio de Janeiro.

Fabiana Murer
Fabiana Murer

“O salto com vara feminino é muito novo ainda. A gente não tem parâmetros de qual o limite das mulheres, até que altura podem chegar e até que idade podem competir”, disse Fabiana. “Como eu sou mais técnica do que forte, acho que consigo me manter até 2016, que é meu objetivo”.

Tem a motivação de ser no Brasil, mas ela ter que ser competitiva. Seria ridículo ir apenas para participar. O atleta que tem que ter dignidade

Élson Soares, sobre a Olimpíada-2016

Já Élson Soares foi cauteloso. Para ele, Murer terá de se mostrar motivada para aguentar um novo ciclo de treinos pesados.

“Depende de condições em que ela vai sair da Olimpíada de Londres e de como ela vai suportar o lado psicológico de se manter treinando em alto nível por mais quatro anos”, falou Soares. “Tem a motivação de ser no Brasil, mas ela ter que ser competitiva. Seria ridículo ir apenas para participar. O atleta que tem que ter dignidade”.

Em busca do inédito ouro olímpico no salto com vara, Fabiana abdicou de defender seu título no Mundial indoor, que está sendo realizado na Turquia. Em vez disso, ela vem treinando forte para aprimorar sua técnica e tentar alcançar a marca de 5m. No ano passado, em Daegu, na Coreia do Sul, sagrou-se campeã mundial ao saltar 4,85 m.

Sua primeira competição oficial em 2012 será no Rio de Janeiro, em maio.

TORCIDA CONTRA A MELHOR DO MUNDO

Yelena Isinbayeva é uma das maiores, senão a maior, atleta do salto com vara. Recordista mundial em pista aberta, com 5,06 m, a russa chocou o mundo ao saltar 5,01 m em pista indoor, em fevereiro. Para Élson Soares, técnico de Fabiana Murer, se Isinbayeva estiver bem na época da Olimpíada de Londres, ficará difícil tirar o ouro dela.

 

“Na competição, a gente acha que não vai haver tempo hábil para ela fazer 5,10 m ou 5,20 m. Se fizer, aí não tem jeito”, afirmou o treinador. “Ela é uma das melhores atletas do mundo, é bicampeã olímpica e vai tentar a terceira medalha. Percentualmente, ela tem muito mais chances do que as outras atletas, mais chances que a Fabiana”.

EM BUSCA DOS 5 METROS, MAS APENAS 4,65 M NOS TREINOS

Fabiana Murer sonha com o ouro olímpico no salto com vara. Para isso, a brasileira traçou a meta de alcançar a marca de 5 m, que julga ser suficiente para, pelo menos, um lugar no pódio. Perguntada se já havia chegado perto do objetivo em algum treinamento, ela surpreendeu ao dizer que seu “recorde” praticando é 4,65 m.

“As varas são mais flexíveis e não vão me jogar tão para cima. Além disso, eu não sou tão veloz, não tem a competição e a adrenalina. A vara que eu uso nos tormeios não é a mesma com que eu treino. A primeira vez que eu uso uma vara [nova] é na competição”, explicou Murer.

A pouco mais de quatro meses dos Jogos, a brasileira contou que espera chegar aos 5 m antes da disputa em Londres. "É algo que daria confiança, chegar lá com a ter a certeza de que já fiz isso antes".

ÉLSON MIRANDA REVERENCIA TREINADOR UCRANIANO

Se Fabiana Murer é campeã do mundo e uma das favoritas ao ouro em Londres, a culpa é de Vitaly Petrov. É o que diz Élson Soares, técnico e marido da brasileira, e espécie de pupilo do veterano treinador ucraniano há cerca de dez anos.

“Aprendi tudo com ele. Primeiro a entender de corrida, como fazer meu atleta correr melhor. Para ele correr melhor, tinha que aprender como fazê-lo treinar. Treinar primeiro um período de preparação e depois um período competitivo. Depois aprender o salto, como usar a vara, ver qual vara vai funcionar com cada atleta. Depois aprender a competir”, disse Soares. “É como fazer uma sinfonia. Você vai colocando as notas e tem que ficar bonito no final”.

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