Menor cidade a abrigar os Jogos, capital da Finlândia inaugura a "Guerra Fria" esportiva
A cidade de Helsinque, na Finlândia, tinha apenas 367 mil habitantes em 1952, quando recebeu os Jogos Olímpicos. Nunca uma cidade tão pequena abrigou o evento. Exemplo da grandiosidade olímpica em relação às pequenas proporções da capital finlandesa era o Estádio Olímpico: com 70 mil lugares, o local podia acolher um quinto dos habitantes da cidade-sede.
Os Jogos "intimistas" marcaram o primeiro confronto entre as duas grandes potências mundiais esportivas, que dominariam as disputas olímpicas desde então. Pela primeira vez desde a Revolução Bolchevique de 1917, a União Soviética esteve presente. Apesar de competir em campeonatos europeus de algumas modalidades, apenas em 1951 os soviéticos pediram reconhecimento ao COI.
Com isso, os EUA tinham uma ameaça real à sua supremacia. Desde Saint Louis-1904, os norte-americanos só perderam os Jogos de Berlin-1936, para a Alemanha. No quadro geral de medalhas, os EUA dominaram com 40 ouros contra 22, mas a União Soviética chegou perto no número total de pódios, com 71 contra 76.
Nessa Olimpíada, a tensão política gerou uma divisão física entre os países. As delegações dos países ocidentais foram hospedadas na Vila Olímpica de Kapylae, em uma área de 200 mil m², formada por 21 prédios que hospedavam 4.800 atletas.
As delegações da URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) e de seus países-satélites ficaram no litoral do mar Báltico, em Otaniemi, onde foram construídos três grupos de prédios com capacidade para 1.200 atletas.
A Alemanha voltou aos Jogos, mas apresentou um quadro político confuso. Banido de Londres-1948, o país voltou a se apresentar unido, sem distinção entre as metades ocidental e oriental, apesar de não ter na delegação nenhum atleta do leste.
Além disso, os Jogos contaram com o Sarre, uma região carbonífera do sul da Alemanha, independente desde o final da Segunda Guerra. Seu comitê olímpico desapareceu em 1956, quando a região, depois de um plebiscito, voltou a fazer parte da Alemanha.
Com a maior delegação desde que estreou em uma Olimpíada, em Antuérpia-1920, o Brasil teve no evento finlandês seu melhor desempenho até então, graças ao reinado de Adhemar Ferreira da Silva no salto triplo. Com o título olímpico do atleta paulista, os brasileiros terminaram os Jogos na 24ª posição, com um ouro e dois bronzes.
Além do título, Adhemar quebrou quatro vezes o recorde olímpico e duas vezes o recorde mundial na prova. Favorito ao ouro, o paulistano, então com 25 anos, bateu o recorde pela primeira vez em seu segundo salto, com 16,12 m. No quinto, o brasileiro alcançou sua melhor marca, 16,22 m, nova marca mundial. Quando encerrou sua participação com um salto de 16,05 m, o ouro já estava garantido.
Ainda no atletismo, o Brasil conquistou sua segunda medalha: o bronze no salto em altura do carioca José Telles da Conceição.
A terceira medalha veio na natação: Tetsuo Okamoto chegou em terceiro lugar nos 1.500 m livre, bateu o recorde sul-americano com 18min51s3 e virou o "peixe-voador".
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