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Judô

EFE
Derly lamenta derrota na segunda luta em Pequim

João Derly

"Tem dias em que nada dá certo e esse foi um deles. Eu sabia que não teria luta fácil. A gente sempre fica procurando o que errou. Faltou um pouco de agressividade".

Data de nascimento
02/06/1981
Local de nascimento
Porto Alegre (RS)
Residência
Porto Alegre (RS)
Peso e altura
66kg / 1,63m
Categoria
Meio-leve
Participação em Pequim
eliminado na 2ª luta

O favoritismo à conquista do ouro não foi traduzido em medalha para João Derly. Após realizar um combate duro com o sul-coreano Joojin Kim na estréia, ele enfrentou o português Pedro Dias, que teoricamente ofereceria menos resistência ao brasileiro. O europeu, porém, soube anular bem as armas de Derly e conquistou a vitória por wazari. Logo em seguida, Dias foi derrotado, o que eliminou o judoca do Sul da disputa.

"Tem dias em que nada dá certo e esse foi um deles. Eu sabia que não teria luta fácil. A gente sempre fica procurando o que errou. Faltou um pouco de agressividade. Mas acho que é do esporte. O bonito é não saber quem vai ser o vencedor. Não é porque tenho dois títulos mundiais que sou obrigado a vencer sempre", justificou o lutador.

João Derly, um gaúcho de apenas 1,63m de altura, poderia ter se tornado, definitivamente, o maior judoca brasileiro de todos os tempos nos Jogos Olímpicos de Pequim. Primeiro campeão mundial da modalidade do país - e hoje o único bicampeão do mundo brasileiro - e dono do ouro pan-americano do Rio 2007, a única conquista que ainda lhe falta é a medalha olímpica.

Em Pequim, ele teve a chance de finalmente estrear nos Jogos. Cinco anos atrás, após fracassar no Pan-Americano de Santo Domingo, o atleta, então competindo na categoria ligeiro (até 60 kg), foi obrigado a subir de peso, para os meio-leves (66 kg) - na época, a categoria era dominada pelo medalhista olímpico de 1996, Henrique Guimarães -, adiando o sonho olímpico.

A mudança de peso foi fruto dos problemas de Derly com a balança. Para chegar aos 60 kg, o gaúcho sofria na semana anterior às competições e, como no Pan de 2003, chegava debilitado ao tatame. Em 2002, ficou seis meses suspenso por doping, após usar um diurético, para acelerar a perda de peso, dias antes de um torneio.

"São épocas diferentes da minha vida. Em 2003, eu tinha muito problemas de peso", diz Derly, hoje duas vezes campeão mundial entre os atletas de 66 kg. O segundo título, inclusive, valeu a vaga nos Jogos Olímpicos. A comissão técnica brasileira estabeleceu, antes do Pan do Rio, em agosto de 2007, que quem fosse campeão do Pan e do Mundial, em setembro, iria para Pequim. Derly foi o único classificado entre os homens - Tiago Camilo também foi ouro nas duas competições, mas em categorias diferentes e teve de passar pelo processo seletivo.

A carreira vitoriosa de Derly começou aos sete anos, por causa de uma asma. Como tinha a mania de "brincar de brigar" com todo mundo, o judô era o esporte ideal. "Eu era uma criança bem ativa. Vivia lutando com o meu pai, com meus amigos. Mas acho que só começou a ficar sério mesmo aos 17 anos, quando fui em uma competição sênior no exterior e fui melhor que o titular do Brasil. Na hora eu pensei: 'tenho chances'", relembra.