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26/08/2008 - 18h27

Em festa anunciada, Maurren vai do ouro ao assédio para posar nua

Antoine Morel
Em São Paulo
Na primeira festa para uma mulher medalhista de ouro em provas individuais no Brasil, Maurren Maggi teve que agüentar uma separação forçada da filha Sophia, homenagens de todo o tipo e ainda perguntas indiscretas depois de desembarque em São Paulo nesta terça.

Tudo estava preparado para valorizar o título olímpico da saltadora. Um batalhão de jornalistas a esperava na sede do seu patrocinador, e uma festa estava preparada com faixas de agradecimento feitas pela famíla, "Você é ouro. Nossa guerreira, te amamos demais", e por parceiras de treino. Sophia, a filha tão falada na hora do pódio, também aguardava a mãe.

Maurren precisou de um helicóptero para ir do aeroporto de Guarulhos à entrevista coletiva, marcada no centro de São Paulo. No palco montado para suas declarações, a saltadora via até um lencinho para enxugar suas lágrimas. E foi preciso. Ao ver a filha, ela chorou e os flashes não pararam de disparar.

"Fiquei tão triste em saber que ela [Sophia] não estava no aeroporto me esperando. Mas vim de helicóptero. É muito legal voar de helicóptero aqui [em São Paulo]", contou Maurren, emocionada ainda, e com aplausos da família.

Explicando toda a vibração por ter ganhado a medalha de ouro nas Olimpíadas - uma das três do Brasil em Pequim, junto com a seleção feminina de vôlei e César Cielo nos 50 m livre da natação -, a atleta se referia aos amigos e à família a todo o momento e tinha que parar a entrevista seguidamente para receber homenagens.

Primeiro, uma viagem à Disney. "Era um sonho que eu tinha de ir com minha filha", explicou. Depois, um cumprimento do prefeito da cidade natal, São Carlos, interior de São Paulo, que prometeu uma estátua em homenagem e um centro de formação de novos atletas. Para completar, um cheque de R$ 100 mil do patrocinador.

Raimundo Pacco/Folha Imagem
Maurren Maggi beija Sophia na frente das câmeras e com a medalha à frente
Raimundo Pacco/FI
Atleta posa com parceiras de treinamento durante a coletiva de imprensa nesta terça
Maurren não teve apenas homenagens e perguntas da sua façanha. Chegou também a ser assediada. "Você tem noção da repercussão da sua medalha? Você, por exemplo, aceitaria posar nua agora?", questionou um repórter. "Não, posar nua a Sophia não deixa", logo rebateu a saltadora, que ficava sempre abraçada à filha.

A trajetória interrompida de Maurren no atletismo por conta do seu casamento com ex-piloto de Fórmula 1, Antonio Pizzonia, e uma suspeita de doping foram pouco exploradas em perguntas, mas a atleta fez questão destacar sua superação. "Eu cresci muito com o que aconteceu".

Preferiu também rebater as críticas da sua rival britânica Jade Johnson, que ficou em sétimo em Pequim, e afirmou que o título de Maurren era duvidoso, relembrando o caso de doping. "Com certeza, ela não sabe da minha história", declarou.

O patrocinador sabia da história. Assim como fez com Vanderlei Cordeiro de Lima, após os Jogos de 2004, a mesma empresa gostou de destacar o esforço de alguns poucos atletas para chegar ao pódio olímpico.

"Vou dar uma notícia triste. É mais um desabafo. O Brasil ainda tem pouco apoiadores. O país depende de atletas talentosíssimos para chegar à medalha. Vocês se lembram há quatro anos com o Vanderlei nesta mesma sala aqui? Era a mesma coisa", disse João Paulo Diniz, um dos donos da rede Pão de Açúcar, que patrocina Maurren.

A saltadora, diferentemente do que fez Vanderlei em 2008, que não participou das Olimpíadas da China, espera estar em 2012 em forma e pronta para outra medalha. A festa pode ser a mesma, mas até lá resta saber se o convite para posar nua ainda existirá.

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