UOL Olimpíadas 2008 Notícias

24/08/2008 - 10h12

Racionamento de água faz vítimas em Pequim durante Jogos

Do UOL Esporte
Em São Paulo
Segundo reportagem publicada neste domingo, pelo jornal The New York Times, o governo chinês, com o intuito de garantir o abastecimento de água das Olimpíadas de Pequim, autorizou que o suprimento de água, utilizado por milhares de agricultores, fosse interrompido temporariamente nas planícies do norte da China, principalmente na província de Hebei e nos municípios de Baoding, Tangxian, Homem-cheng e Shunping.

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Por causa dos Jogos, norte pobre chinês fica sem água e enfrenta seca
CHINA RURAL NÃO ASSISTE OLIMPÍADA
CHINA RURAL; VEJA FOTOS
A polêmica sobre a contenção de água começou quando funcionários do governo questionaram a capacidade dos reservatórios de Pequim, diante do grande número de turistas que iria receber durante as Olimpíadas. Como os pesquisadores estimaram um aumento de 30% da demanda de água, o governo optou por interromper os programas de abastecimento, deixando camponeses com terras secas e em condições de extrema pobreza.

Como medidas de emergência, decretos foram emitidos, além de engenheiros especializados tentarem colocar em prática suas metas de completarem uma "batalha de 100 dias" para a construção de cerca de 200 quilômetros de canais e tubulações para abastecer os municípios de Pequim. Trata-se de um projeto gigantesco para levar as águas do rio Yangtze à Pequim, para acabar com a seca que assola as planícies do norte da China. Enquanto isso, quatro reservatórios estratégicos em Hebei, ao redor da cidade de Baoding, foram cheios.

Porém, segundo dados divulgados pelo jornal, alguns agricultores alegaram que o preço da água obteve um superávit de 300%, o colocando fora do poder de compra daqueles menos abastados. Outros simplesmente afirmaram que os canais de irrigação secaram ou que os níveis da água subterrânea também caíram e os poços desmoronaram, assim como os campos foram abandonados, deixando o bairro rural vazio.

As estatísticas apontam que com a seca quase trinta mil pessoas em torno de Baoding perderam casas ou terrenos. Líderes locais começaram a se queixar e a iniciar um discreto movimento ambiental.

Com estes problemas, o governo chinês ao invés de promover mudanças na política local, recorreu à repressão. Em Baoding, segundo a publicação, barreiras estão impedindo quaisquer veículos não autorizados de ir para o norte de Pequim. Taxistas foram orientados para que qualquer "suspeito" fosse levado diretamente à polícia. Além disso, viaturas policiais foram distribuídas nos 10 pontos ao longo de uma estrada que leva à represa.

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