Nos Jogos Olímpicos de Atenas-2004, Márcio e Benjamin eram favoritos a chegar ao pódio. Mas a dupla brasileira fracassou, sendo eliminada nas oitavas-de-final pelos irmãos suíços Martin e Paul Laciga. Quatro anos depois, Márcio recebeu uma nova chance de disputar a Olimpíadas. E evitando os erros do passado conseguiu chegar à final do vôlei de praia masculino em Pequim.
Ao lado de Fábio Luiz, Márcio obteve um feito e tanto: nas semifinais, eliminou os compatriotas Ricardo e Emanuel, justamente os campeões dos Jogos de Atenas. Hoje com 35 anos, o jogador cearense conta como o tropeço de Atenas o ajudou a chegar na decisão olímpica.
"Nós estávamos com a cabeça lá na frente e nos esquecemos do presente. Isso não pode acontecer, tem que viver o momento. Nós estávamos falando em medalha, vendo a medalha. Que medalha? Não teve medalha nenhuma", disse Márcio.
A medalha, agora, virá. Só resta saber a cor, ouro ou prata. A decisão acontecerá na sexta-feira, à 0h (de Brasília), contra os norte-americanos Phil Dalhausser e Todd Rogers.
Um outro norte-americano corroborou a tese de que na Olimpíada é preciso viver o momento. "O Fábio perguntou para o Kiraly (Karch Kiraly, campeão olímpico na quadra em Los Angeles-1984 e Seul-1988 e na praia em Atlanta-1996) o que fazer para ser campeão olímpico. Ele disse: tem que ganhar ponto a ponto", contou Márcio.
"Em Atenas a gente estava no oba-oba. Aqui, quando eu cheguei, falei que não ia cometer o mesmo erro", completou o jogador. Fábio Luiz, seu parceiro de dupla, não teve essa experiência, já que aos 29 anos faz a sua estréia nos Jogos Olímpicos.
A classificação da dupla para a Olimpíada foi dramática. Segunda força do país, atrás dos pentacampeões mundiais Ricardo e Emanuel, Márcio e Fábio Luiz passaram por uma péssima fase, quase sendo alcançados por Pedro e Harley.
A definição do classificado para os Jogos Olímpicos aconteceu apenas no último torneio qualificatório, em Marselha, na França. Márcio e Fábio Luiz venceram um confronto direto com Pedro e Harley nas semifinais e garantiram presença em Pequim. Depois disso, o bom voleibol da dupla foi revisitado.
"O que mudou foi a atitude. Você fica levando pancada de todos os lados, isso cria um calo. A gente sofreu, mas conseguiu dar a volta por cima. A atitude é tudo", afirmou Fábio Luiz.
Para enfrentar os norte-americanos, que são considerados favoritos na final, Márcio e Fábio Luiz apostam na fragilidade ofensiva de Rogers. "Ele é um jogador baixo, que só joga com o passe na mão. Vou arriscar no saque para quebrar o passe", afirmou Márcio.