A disputa do pentatlo moderno não é das mais simples. Para que se chegue a essa modalidade, que terá sua estréia nestes Jogos às 21h30 nesta quarta-feira com a prova masculina, são necessárias cinco habilidades muito distintas entre si: tiro, esgrima, natação, hipismo e corrida.

Entre as mulheres, a norte-americana Sheila Taormina conhecia bem só duas destas cinco provas. Em Atlanta-1996, conquistou um ouro na natação, competindo no revezamento 4 x 200 m livre. Nos dois Jogos seguintes, em Sydney-2000 e Atenas-2004, migrou para o triatlo e foi respectivamente sexta e 26ª. Parecia ser o bastante, mas Sheila resolveu aprender hipismo, tiro e esgrima para a sua quarta Olimpíada.

Aos 39 anos, a norte-americana se classificou para Pequim e competirá pela terceira modalidade na carreira, um recorde entre as mulheres que quebrará quando começar a disputa do tiro, às 21h30 de quinta-feira, na abertura do pentatlo feminino.

Apesar de sua vida ser marcada pelo esporte, muitas dificuldades apareceram na vida de Sheila até que ela chegasse a Pequim. As maiores pelas quais passou para seguir o novo sonho olímpico foram financeiras. Para competir em alto nível e sem nunca ter encostado numa arma, espada ou num cavalo, ela chegou a gastar cerca de US$ 60 mil (quase R$ 100 mil), segundo o jornal espanhol Marca.

Sem dinheiro para tamanha cifra, a atleta formada e com título de mestre em Economia, fez sua opção: vendeu sua casa e passou a ter aulas. Enquanto sua vida financeira viveu apuros, seu passaporte para a China foi carimbado, juntando a ele títulos como o Pan-Americano de Pentatlo, em 2005.

"Parte da minha missão é quebrar dois paradigmas. Um deles é o de que se precisa de dez anos para aprender um esporte. A outra é que uma pessoa é muito velha para ter um bom desempenho após os 20 e poucos anos", desafiou ela.

Outro problema foi ainda mais traumático para Sheila. No último ano, ela viu ser solto da prisão um ex-aluno dos tempos que dava aulas de natação. Ele ficou preso por cinco anos após passar a perseguir a atleta e um dia chegar a lhe ameaçar com um revólver, e hoje não tem mais restrições para se aproximar dela. Seu refúgio virou o esporte, superando o medo e partindo mais uma vez usando sua garra em busca de uma nova medalha.

Brasil participa
O Brasil estará presente no pentatlo feminino, com um nome que ficou conhecido após o Pan-Americano do Rio de Janeiro, em 2007. A pernambucana Yane Marques ficou com a surpreendente medalha de ouro na competição, principalmente pelos seus desempenhos na natação e na esgrima.

Yane, como Sheila, pouco sabia da maior parte das modalidades que disputaria antes de passar a aprendê-las, e foi moldada por cinco anos pelo técnico Alexandre França. Na preparação para os Jogos de Pequim, ela conseguiu uma importante 11ª colocação na Copa do Mundo, no México, em março, e chega a Pequim para tentar outro resultado expressivo.

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