O Brasil mais uma vez sai dos Jogos Olímpicos sem conquistar medalhas no boxe. A última chance do país foi desperdiçada na noite desta terça-feira (manhã de Brasília), quando o veterano Washington Silva, de 30 anos, perdeu para o irlandês Kenny Egan nas quartas-de-final da categoria meio-pesado (até 81 kg).

Silva foi presa fácil para Egan. Na luta, ele não conseguiu sequer um ponto. Os 8 a 0 marcados pelo pugilista europeu foram frutos, segundo o brasileiro, da lesão no ligamento cruzado do joelho direito do pugilista nacional.

"Em momento algum eu senti dor mesmo no joelho. Senti dificuldade por causa da contusão e do estilo do atleta que eu peguei. Ele explorou meu pronto fraco", declarou o paulista logo após descer do ringue.

Antes de Silva, outro brasileiro esteve no ringue para tentar a vaga para semifinal. Mas sem sucesso. Paulo Carvalho, na categoria mosca-ligeiro (até 48 kg), perdeu nas quartas-de-final e ficou sem chance de pódio.

A derrota de Washington Silva marca o fim da participação brasileira em Pequim. O desempenho em relação à Atenas é superior. Na Grécia, há quatro anos, a delegação nacional teve apenas uma vitória com cinco pugilistas em ação.

"Eu saí sem medalha, mas honrei um trabalho de quatro anos. O esporte é fruto de vitórias e derrotas. É Deus quem decide", afirmou Silva, que também sofreu com a mão esquerda de Egan. "É difícil enfrentar um pugilista assim", completou.

No Ginásio dos Trabalhadores nesta terça à noite (horário de Pequim e manhã no Brasil), Silva e Egan se estudaram muito no início da luta. Foi aí que o irlandês abriu o placar e já fez 3 a 0 no primeiro round. Silva, porém, era mais ofensivo e sofreu com os ataques do pugilista rival canhoto.

No segundo round, o brasileiro usou outra tática. Manteve distância da mão esquerda do irlandês e só se arriscava nos momentos certos. Ele chegou a acertar um direto, mas não houve computação do ponto. Os dois pugilistas zeraram nesta etapa e se manteve o 3 a 0. Mais exposto para tentar virar o placar, o brasileiro viu o adversário fazer 7 a 0 no terceiro round. No quarto, e último, o irlandês administrou e segurou a vitória por 8 a 0.

Em Pequim, o brasileiro teve duas vitórias até a luta com o irlandês. O paulista passou por Bastie Samir, de Gana, por 9 a 7. Na estréia do torneio olímpico, ele venceu Azea Augustama, do Haiti, por 6 a 2.

Silva, assim como Carvalho, também desperdiçou a chance de ser o único boxeador brasileiro a ter três vitórias em uma mesma Olimpíada. Nem Servílio de Oliveira, o único medalhista do país, bronze no México-1968, nem Eder Jofre, campeão mundial de boxe profissional, que disputou os Jogos de Melbourne-1956, têm o mérito.

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