UOL Olimpíadas 2008 Notícias

19/08/2008 - 09h06

Paulo Carvalho perde nas quartas e deixa escapar medalha no boxe

Lello Lopes
Em Pequim (China)
O sonho do ajudante de servente Paulo Carvalho de subir ao pódio olímpico acabou nos punhos do cubano Yampier Hernandez. Nesta terça-feira, no Ginásio dos Trabalhadores, o pugilista brasileiro foi eliminado nas quartas-de-final da categoria mosca-ligeiro (até 48 kg) dos Jogos Olímpicos de Pequim.

Rick Bowmer/AP
Paulo Carvalho (e) tenta golpe contra o cubano, que foi bem nos contra-ataques
VEJA FOTOS DOS CONFRONTOS
ATLETAS DOS PUGILISTAS NACIONAIS
MAIS SOBRE O BOXE OLÍMPICO
Carvalho, de 22 anos, conseguiu equilibrar o combate no primeiro assalto, mas permitiu que o adversário, na base dos contragolpes, vencesse a luta pela expressiva pontuação de 21 a 6. Com o resultado, o brasileiro perdeu a chance de chegar à semifinal e garantir, pelo menos, uma medalha de bronze.

"Isso faz parte do esporte. Tentei, fiz o meu máximo, fui para cima, mas ele é um bom boxeador. Hoje não foi o meu dia", afirmou o atleta nacional.

Hernandez é um dos favoritos ao ouro olímpico. Em Cuba, ele desbancou Yan Bartelemí Varela, justamente o campeão de Atenas. Nos Jogos Pan-Americanos, porém, o rival de Carvalho caiu nas quartas-de-final para o ouro Luis Yanes (EUA).

No ano passado, Carvalho e Hernandez se enfrentaram em um torneio em Santo Domingo, na República Dominicana. E o brasileiro levou a melhor. "Ele me venceu uma vez, então esta foi a minha revanche", comemorou o cubano.

Na luta em Pequim, foi Carvalho que abriu o placar faltando um minuto para o fim do primeiro assalto. Logo o cubano empatou e, no gongo, os lutadores empatavam em 2 em 2. O brasileiro se mostrou mais ativo no início do combate, porém, ainda displicente com o contra-ataque do rival.

E a tática de contra golpe do caribenho deu certo no segundo round. Ele abriu 5 a 2 contra o brasileiro. Com a vantagem, foi a hora de Hernandez assumir a postura ofensiva e, com golpes curtos, mas precisos, terminou com 8 a 3.

O terceiro round foi o pior para Carvalho. Ele se arriscou e abriu a guarda. Com isso, cada erro do brasileiro servia para um contra-ataque cubano, que terminou com 15 a 5. No quarto round, Carvalho se expôs para a vitória e fechou a luta com a derrota por 21 a 6.

Carvalho também desperdiçou a chance de ser o único boxeador brasileiro a ter três vitórias em uma mesma Olimpíada. Nem Servílio de Oliveira, o único medalhista do país, bronze no México-1968, nem Eder Jofre, campeão mundial de boxe profissional, que disputou os Jogos de Melbourne-1956, têm o mérito.

O pugilista, nascido em Salvador, venceu a primeira em Pequim contra o marroquino Redonuane Bouchtouk. Na segunda rodada, bateu o ganês Manyo Plange por 21 a 12 em luta realizada no sábado no Ginásio dos Trabalhadores.

"Agora tenho que pensar positivo: voltar para o Brasil e treinar. Eu dei um passo muito bom. Há anos o Brasil não conseguia um resultado desses nos Jogos", afirmou Carvalho, que começou na modalidade aos 17 anos, após ver lutas de Acelino "Popó" Freitas na televisão.

Quartas-de-final do 48 kg
A luta precedente ao combate do brasileiro foi entre Amnat Ruenroeng, da Tailândia, e Serdamba Purevdorg, da Mongólia. Este último venceu o combate e foi às semifinais. O tailandês, porém, impressionou por sua história pessoal nestes Jogos. Condenado há 15 anos por roubo em seu país, ele começou a treinar e ganhou notoriedade.

Na outra chave das quartas-de-final, o bronze de Atenas-2004, o chinês Zou Shiming, venceu o cazaque Birzhan Zhakypov por 9 a 4 e garantiu mais uma vez a semifinal. Para melhorar o desempenho de quatro anos, ele encara o irlandês Paddy Barnes, que passou por Lukasz Maszczyk por 11 a 5.

Compartilhe: