UOL Olimpíadas 2008 Notícias

08/08/2008 - 16h01

Crise de Cuba pode dar espaço para novas estrelas do boxe

Do UOL Esporte
Em São Paulo
Cuba sempre foi uma potência no boxe amador e provou isso em 2004, quando conquistou cinco ouros nas 11 categorias disputadas em Atenas. No entanto, o medo e o respeito frente aos cubanos será menor em Pequim. Após 40 anos, será a primeira vez que a delegação da ilha não terá representantes em todas as categorias - serão 10 lutadores em 11 disputas - e o favoritismo acabou caindo no colo da Rússia.

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O motivo principal foram as deserções ao regime ditatorial do país, uma vez que os pugilistas não podem competir no boxe profissional. Grandes estrelas deixaram Cuba: Guillermo Rigondeaux e Erislandy Lara durante o Pan do Rio, em 2007, e Yan Barthelemy, Yuriorkis Gamboa e Odlanier Solis, todos campeões olímpicos, fugiram em 2006, rumo à Alemanha, seduzidos por ofertas de promotores locais.

Para Pequim, as novas esperanças são Yordenis Ugas, campeão do Mundial de 2005 - os cubanos não foram ao Mundial de Chicago, em 2007, com medo de outras deserções - e os cinco campeões do Pan-Americano do Rio de Janeiro.

Mesmo com as grandes desvantagens, os cubanos mostram otimismo com sua renovada equipe. "Tivemos que transformar todo o nosso time apenas um ano antes dos Jogos", disse o técnico principal, Pedro Roque, à agência chinesa Xinhua. "Mas no boxe cubano há uma grande competição para se ocupar esses lugares, quem entrou não se sente como se estivesse sendo apenas um substituto, mas sabe que tem chances de brilhar nas Olimpíadas".

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Com as perdas, nenhum pugilista campeão há quatro anos defenderá seu título e outras potências da modalidade, como os países do Leste Europeu, têm chance de virar o placar no quadro de medalhas. A Rússia é o único país com pugilistas em todas as 11 categorias olímpicas e a esperança local é de conquistar cinco ouros, tal qual Cuba em 2004. Matvey Korobov, peso médio bicampeão mundial, é um dos favoritos.

Os Estados Unidos, outro país que tentará chegar ao topo do boxe, assim como os chineses, donos da casa, admitem que os russos serão perigosos. "A Rússia é o país a ser batido", decretou o técnico norte-americano Dan Campbell.

Na delegação norte-americana, o peso pesado Deontay Wilder tem um motivo especial para buscar o ouro. Sua inspiração virá da filha, de dois anos. Ela nasceu com um problema na coluna e pode ficar sem andar. "Minha garotinha tem sido minha maior influência desde que nasceu e também após eu saber de sua condição", afirmou Wilder, bicampeão nos Estados Unidos.

Primeiros "derrotados"
O torneio olímpico de boxe, que inicia neste sábado, conta com 286 pugilistas em 2008, provenientes de 78 países. Pelo menos é este o número inicial de inscritos. No entanto, dois dos candidatos abandonaram a disputa antes mesmo do início, por um adversário tradicional na modalidade: o peso.

Quem mais perdeu foi a Inglaterra, que nem verá Frankie Gavin estrear. Atual campeão mundial dos pesos leves, ele não conseguiu chegar ao peso limite da categoria, de 60 kg, e nem chegou a fazer a pesagem oficial desta sexta-feira.

O americano Gary Russell Jr, bronze no Mundial de 2005, passou mal ao tentar atingir o peso da categoria galo, até 54 kg. Com apenas 20 anos, ele perdeu a chance de estrear nas Olimpíadas, mas se recupera bem. "Medicamente, ele está bem e agora só descansa. Mas ficou muito deprimido", informou o técnico Dan Campbell. Os pugilistas não serão substituídos.

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