UOL Olimpíadas 2008 Notícias

19/07/2008 - 11h21

Desclassificação mantém buracos em evidência e busca por solução

Giancarlo Giampietro
Em Atenas (Grécia)
"Se a gente jogasse uma Olimpíada, muito podia mudar. Se a gente tivesse classificado, e todo mundo achasse que isso seria bom, achando que ia tapar o buraco, não ia funcionar do mesmo jeito", afirmou Tiago Splitter, após a eliminação da seleção brasileira de basquete no Pré-Olímpico, em Atenas.

Divulgação/CBB
Para Moncho, um torneio nacional forte impede que jovens talentos saiam do país
GREGO QUER REELEIÇÃO EM 2009
MONCHO PEDE UM NACIONAL FORTE
Figura mais ponderada do time em quadra, o pivô catarinense lamentou a derrota para a Alemanha nas quartas-de-final, mas disse que uma vaga olímpica poderia servir como paliativo para problemas estruturais da modalidade.

O Brasil testemunhou novamente a realização de dois campeonatos masculinos paralelos, em divisão que baixou o nível técnico de ambas as competições. Já o Nacional feminino foi disputado por apenas nove times, três dos quais somaram juntos oito vitórias no geral.

O número de jovens jogadores a deixar o país é cada vez maior, migrando especialmente para a Espanha antes mesmo de completar as divisões de base em seus clubes - seguindo o exemplo do próprio Splitter, que foi contratado pelo TAU Cerámica-ESP aos 15 anos, em 2000.

"O Brasil precisa ter um campeonato nacional, com muito rigor, sem olhar para o passado. Alguns garotos não podem sair do país, é preciso que tenham uma boa situação como no vôlei. Você pode trabalhar, mas se não tem uma competição, acontecem coisas assim", afirmou o técnico Moncho Monsalve.

Neste sábado, representantes dos clubes que criaram a Supercopa (que contou somente com participantes paulistas) vão se reunir pela segunda vez com a ala de equipes que se alinhou ao Nacional da CBB na tentativa de encaminhar um acordo por um único campeonato na próxima temporada.

Mas interesses particulares podem novamente dificultar as negociações, especialmente na hora da distribuição das vagas nacionais para a Liga das América e a Liga Sul-Americana. No papel, Flamengo, Brasília e Minas, três primeiros do Nacional, são os detentores dos direitos. Privado desse direito no ano passado, Franca pode brigar por uma compensação.

"Compreendo que cada pessoa queira que seu clube ganhe. Mas o basquete do Brasil precisa ver a realidade do presente. Para isso, deve haver uma comunhão entre confederação, clubes e ministério. Se não acontecer, haverá momentos mais difíceis no futuro", disse Monsalve.

O presidente da CBB, Gerasime Bozikis, o Grego, tem acompanhado as negociações e mantém a posição de que a entidade terá participação em uma eventual competição única no país. "Campeonato qualquer um faz. Nacional só pode ter um, forte, com o cunho da federação. Isso os clubes entenderam. Vamos fazer de tudo pelo entendimento."

O jejum olímpico da seleção masculina é o fator que desperta mais incômodo. O time não disputa a competição desde Atlanta-1996. A pior colocação na história da equipe em Mundiais - o 17º em 2006 - e a sofrível campanha de um time B no Sul-Americano neste ano também ajudaram a aquecer as críticas.

"Agora é o momento de analisar, com todo mundo para frente, para olhar por que a gente não ganhou, por que não está lá. O trabalho que vários países estão fazendo a gente tem de copiar", disse Splitter.

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