Diego Hypólito chegará aos Jogos Olímpicos de Pequim como grande favorito ao ouro na prova de solo da ginástica artística masculina. Não contente com isso, o ginasta ainda queria largar com uma nota de partida altíssima, ultrapassando 17 pontos, para que não restassem questionamentos sobre o seu favoritismo. Não conseguiu. Após longas discussões, o técnico Renato Araújo levou a melhor e definiu a nota inicial: 16,90.
"É uma série parecida com a que eu fiz no Mundial, com o Hypólito [movimento batizado pela Federação Internacional com o sobrenome do brasileiro]. É a série que o Renato queria desde o início. Eu queria uma mais difícil, mas alguns obstáculos atrapalharam a preparação", explica Diego, referindo-se à artroscopia no joelho e à dengue que o impossibilitaram de treinar por um mês no primeiro semestre deste ano. "Ela é três décimos mais alta do que a do Mundial. Já fiz essa série várias vezes. A quarta passada é nova, nunca fiz em competição, mas já treino há muito tempo".
"O Diego queria entrar com 17,10 pontos para não haver dúvida de que ele é o melhor. Mas teria que estar tudo às mil maravilhas para isso acontecer. Seria uma série bem diferente, com seis passadas, exigindo mais resistência", atesta Araújo. Diego complementa: "Tivemos muitas discussões, mas é normal, estamos vivendo uma coisa inédita, um momento único. Mas é uma responsabilidade muito positiva, e no final deu tudo certo".
A opção pela 'velha' série veio em Belarus, quando Diego tentou uma coreografia mais difícil, semelhante àquela que gostaria de fazer em Pequim. Ele conseguiu a medalha de ouro disputada no torneio amistoso, mas sua performance ficou bem aquém do esperado.
Agora, Diego mostra-se convencido de que o melhor a fazer é repetir a série que sempre lhe garantiu sucesso. "Eu queria chegar nas Olimpíadas e fazer um diferencial, mas eu já tenho um diferencial. Sou o único a fazer o Hypólito, minha segunda passada ninguém faz, minha terceira passada ninguém faz e minha quarta passada quase ninguém faz. Os atletas não sabem qual será a minha série, porque eu disputei as competições com várias diferentes".
Definida a performance a ser apresentada, Diego corre agora para mostrá-la em Pequim de maneira praticamente impecável. "As duas últimas passadas precisam de mais resistência, e ele está atingindo esse ponto agora. Até lá, ele deve melhorar mais uns 20%", prevê Renato Araújo.