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11/07/2008 - 15h25

Enfim no comando, Huertas atesta 'profecia' de sérvio

Giancarlo Giampietro
Em Atenas (Grécia)
Era 2002, e o renomado técnico sérvio Zeljko Obradovic ministrava uma clínica de basquete no Brasil. Ao fim dos exercícios, ele destacou um armador de um punhado de jogadores para suas demonstrações táticas. "Este está pronto", disse. O escolhido foi um jovem paulistano, mais um "inho" do basquete nacional.

Alexandre Vidal/CBB
Marcelinho em ação: carreira vitoriosa na Espanha e, finalmente, o nº 1 da seleção
Sérvio, de 48 anos, é considerado um dos maiores treinadores da história do basquete europeu, tendo vencido seis títulos da Euroliga dirigindo quatro clubes diferentes - Partizan Belgrado, Joventut Badalona, Real Madrid e o Panathinaikos, cuja arena vai receber o Pré-Olímpico a partir de segunda.

Ele também desfrutou de sucesso quando comandou a seleção da Iugosláia, com a qual conquistou a medalha de prata nas Olimpíadas de Atlanta-1996 e o ouro no Campeonato Europeu de 2000
QUEM É OBRADOVIC?
HUERTAS VOLTA AO JOVENTUT
'BANCO' PRECISA MELHORAR
Seis anos depois, Marcelinho Huertas exibe na Grécia, rumo ao Pré-Olímpico de Atenas, um jogo seguro para uma posição até então carente para a seleção. O time pode não contar com força máxima na disputa para alargar a delegação nacional em Pequim-2008, mas, enfim, já tem um condutor assegurado.

Em três jogos no Torneio de Acrópolis, Huertas distribuiu 21 assistências e atuou de forma desprendida em quadra. Como nos tempos de Pinheiros e Paulistano, quando despontava como a revelação nacional que tardou em receber o controle de seus times em nível superior.

Depois de dividir minutos com o veterano norte-americano Elmer Bennett e com o prodígio Ricky Rubio no Joventut de Badalona-ESP e de se alternar com Nezinho e Valtinho na seleção, Huertas agora tem desenvoltura para criar.

"A cada temporada o meu jogo está melhorando e na seleção é ainda mais gratificante", afirmou o jogador. "Confiança eu sempre tive, mas ajuda ter tempo de quadra."

Para chegar a esse patamar, o atleta tomou a acertada decisão de se transferir para um clube menor, em busca de mais espaço. O resultado foi imediato. Em sua primeira temporada pelo Bilbao, na Liga ACB, levou o time aos mata-matas e ganhou o prêmio de melhor atleta de sua posição no campeonato nacional mais forte da Europa.

"Ele tem talento e um grande amor ao basquete. Nos primeiros dois anos, em Badalona, não teve muitos minutos. O crescimento do jogador acontece na quadra. Marcelo jogou todo o ano, no mínimo com cinco ou seis mil espectadores por partida. No banco, fica difícil aprender", disse o técnico Moncho Monsalve, da seleção.

Nas últimas duas temporadas, Huertas chegou a ser deslocado para a finalização, vindo do banco de reservas com Nezinho na armação. Nessa posição, acabou eleito como o melhor do Sul-Americano de 2006, em título na Venezuela. Indicava progresso, mas não teve a oportunidade de ser o número um.

Agora, voltou à seleção com status elevado. E o pedido de dispensa de Valtinho e Leandrinho ainda lhe abriu mais espaço. Cresce, por conseqüência, a responsabilidade. José Neto, assistente do treinador espanhol que dirigiu o armador no Paulistano, acredita que o jogador está pronto para o cargo.

"O Marcelo amadureceu bastante em sua ida para a Europa. Acho que ele cumpriu um ciclo", afirmou. "Ele era juvenil e começou a jogar em equipe adulta. Isso deu uma oportunidade para participar de uma seleção de novos. Veio até no Torneio de Acrópolis, em 2004, quando pôde aparecer para a Europa e firmar o contrato na Espanha. Lá, soube usar o talento nato e adquiriu amadurecimento para a posição."

Com o Pré-Olímpico pela frente - o Brasil estréia na próxima terça-feira, contra o Líbano -, Huertas tem a chance de tornar as distantes palavras de Obradovic mais proféticas.

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