UOL Olimpíadas 2008 Notícias

11/07/2008 - 08h25

Técnico espanhol pede continuidade até Mundial da Turquia

Giancarlo Giampietro
Em Atenas (Grécia)
A viagem de São Paulo a Atenas foi exaustiva para Moncho Monsalve. Nos treinos, ele precisa de seus minutos de descanso. Antes de sentar no banco de reservas, faz tratamento com o fisioterapeuta da equipe, para aliviar as dores causadas por uma lesão nas costas, que já exigiu operação.

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O desgaste no cargo, no entanto, não demove o espanhol, de 63 anos, de um pedido: seguir como técnico da seleção brasileira de basquete. Independentemente do resultado do Pré-Olímpico de Atenas, que será disputado a partir de segunda-feira, com três vagas à disposição para os Jogos de Pequim-2008. O Brasil, que estréia na terça contra o Líbano, tenta voltar ao evento pela primeira vez desde Atlanta-1996.

O treinador conquistou a confiança dos jogadores com broncas e conhecimento. Após o fiasco na versão americana do torneio de qualificação, ele substituiu Lula Ferreira, que lidou com a insubordinação do grupo.

Em entrevista ao UOL Esporte, Monsalve disse que tem em mente "fazer parte do futuro" da seleção. "Eu gostaria de estar nele, mas não sei se vou. Temos de preparar o Torneio das Américas no próximo ano e, depois, o Mundial da Turquia", afirmou. Seriam os últimos dois anos de sua carreira:

UOL Esporte: Quando o senhor anunciou sua convocação, afirmou que pensou em abandonar a equipe devido à questão dos atletas que pediram dispensa, mas que teria revisto esse pensamento pelo que viu em quadra, que estava surpreso com o nível do time. Com a evolução dos treinos, ainda dá para se surpreender?
Moncho Monsalve:
Talento há, não tenho dúvida, tem de sobra. É o primeiro requisito. Se você o tem, sobrevive. Não temos tanta gente assim na Espanha, por exemplo. Os garotos precisam saber que têm um grande talento e que isso é mais importante. O que se precisa é trabalhar com eles diariamente. Espero que a mídia e o público do basquete no Brasil acreditem nesse grupo.

UOL Esporte: A carga de treinos tem sido puxada...
Monsalve:
O único problema que temos é não ter muito tempo. Com cinco jogadores entre os 12 que não têm muita experiência internacional, esse trabalho fica mais difícil. Há uma idéia de jogo que estamos tentando buscar, sem mudar muito a idéia de jogo brasileiro de tantos anos, mas encontrando algumas situações, sobretudo [em situações] de cinco contra cinco, que é algo muito importante.

UOL Esporte: O que mais entra nas suas preocupações?
Monsalve:
Essa é a base [o treino tático]. A partir daí, há várias coisas: mudar a bola de lado, criação de espaços, bola do interior para o exterior, o que todas as equipes estão fazendo. Temos muitíssimo talento, que deve ser adequado no grupo, com boa seleção de arremesso, sem muitas perdas de bola. Quando temos um jogo rápido, é claro que se está mais susceptível aos erros. Melhorar um pouco no aspecto defensivo também é o que estamos tentando. Claro que precisa do tempo necessário. Mas é o que temos e é o que todo mundo tem.

UOL Esporte: Sobre os mais inexperientes, qual sua avaliação? Como pretende usá-los?
Monsalve:
Nunca fui um técnico de jogar com 12 em uma partida. Sempre usei nove ou dez, no máximo. Antes, diziam que eu era um louco por isso, quando se usava seis ou sete. Vamos ver muito sobre o caráter deles e personalidade. Tem de ver na quadra. Conheço muitos jogadores que nos treinos são fantásticos e na hora do jogo deixam a desejar. Também há outros que não são muito bons no treino e, no jogo, têm muito coração. Essa é a equipe do Brasil, e não tem ninguém mais. Esses garotos merecem um reconhecimento completo do país. O resto é trabalhar.

UOL Esporte: O plano é seguir na seleção?
Monsalve:
Graças a Deus o time do Sul-Americano conseguiu a classificação [para o Pré-Mundial, com a quarta colocação no Chile], para que se prepare o futuro. Eu gostaria de estar nele, mas não sei se vou. Temos de preparar o Torneio das Américas no próximo ano e o Mundial da Turquia. Depois, chega. Aí é hora de tirar um tempo para mim, para a família.

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