UOL Olimpíadas 2008 Notícias

11/07/2008 - 08h20

Grego diz estar feliz, mas ainda não assegura permanência de Moncho

Giancarlo Giampietro
Em Atenas (Grécia)
O presidente da CBB (Confederação Brasileira de Basquete) Gerasime Bozikis está satisfeito com as primeiras amostras do trabalho do técnico Moncho Monsalve com a seleção. Mas evita falar na continuidade do espanhol no cargo após o Pré-Olímpico Mundial, em Atenas.

Crédito
Grego (e) não confirmou se planejamento de Moncho Monsalve será concretizado
ESPANHOL QUER FICAR ATÉ 2010
TUDO SOBRE O PRÉ-OLÍMPICO
LEIA MAIS NOTÍCIAS DE BASQUETE
No Rio de Janeiro, Grego disse ao UOL Esporte que a questão seria resolvida de "etapa em etapa", antes do embarque para Atenas. Na Europa, após o Torneio de Acrópolis, última escala antes da briga por uma vaga em Pequim-2008, a opinião seguia igual.

Monsalve pretende traçar planos para a seleção até o Mundial de Istambul-2010. Embora não faça pressão declarada pela classificação aos Jogos chineses, o presidente da CBB não confirma se esse planejamento será concretizado.

De volta a sua cidade natal, viagem que tem feito com regularidade pelo calendário da modalidade, Grego também comentou a reunião entre os clubes que disputaram a Supercopa nesta temporada com os que se mantiveram alinhados ao Nacional, em processo que caminha para uma liga única na próxima temporada. Leia a entrevista:

UOL Esporte: A seleção brasileira concluiu o Torneio de Acrópolis e agora já tem cinco jogos com o técnico Moncho Monsalve. Como o senhor avalia a equipe até aqui?
Gerasime Bozikis:
Essa avaliação você com certeza já deve ter feito com o Moncho, para saber o que ele pensa. Eu entendo um pouquinho de basquete. Penso que nossa equipe está aprendendo a jogar um basquete mais solidário, um basquete que não vamos chamar de europeu, não. É um basquete mais com a bola na mão, com mais domínio do jogo, sem perder nossa característica de velocidade. Então estou muito contente com esses cinco jogos, porque deu para o Moncho dar um padrão à equipe, o que era necessário. Os jogos à frente serão muito duros. Você só pode errar arremesso, porque, do contrário, o basquete seria partida de 200 pontos. Mas não pode errar mais nada. A equipe está entendendo isso. Estou muito esperançoso para a classificação.

UOL Esporte: Essa mudança no estilo da seleção veio com pouco tempo de preparação.
Grego:
O Moncho já disse aos jogadores que o tempo é igual para todos, é curto. Esse é o calendário mundial, e não tem outro jeito. O que é importante é a intensidade, a vontade de você treinar, mais do que a quantidade de treinos. E isso os jogadores entenderam. Estão se dedicando ao máximo, e isso que é importante.

UOL Esporte: De qualquer forma, ele tem se dedicado a aproveitar cada brecha na agenda que tiver. E o Pré-Olímpico está chegando.
Grego:
Ele, na verdade, está muito ansioso. Queria praticar dez itens, dez táticas diferentes, e sabe que não vai conseguir tudo isso e fica com ansiedade. Mas é melhor fazer como tem feito: algumas táticas bem realizadas, e as outras vão sair. É importante nossa classificação, mas é o início de um novo trabalho. Esse trabalho está dando resultado, os jogadores estão gostando, ele está gostando. O Moncho não veio tomar o lugar de ninguém. Foi muito difícil tomar essa decisão, é a primeira vez que acontece. Mas isso vem dar um plus. Ele é estudioso e pode nos ajudar muito. Sem querer tirar o mérito de nossos treinadores, mas precisávamos disso neste momento. Parece que estamos todos felizes e espero que também tenha um final feliz.

UOL Esporte: O espanhol mostra ter bons contatos. A personalidade dele ajuda nessa transição?
Grego:
Ele é uma pessoa carismática e muito determinada. Ele diz que é um presente de Deus ter sido convidado. Porque nossa conversa era para ele dar clínicas, mas não aconteceu. Problemas de calendário não deixaram. Agora veio para dirigir. Ele sabe da importância, vai nos ajudar com essa parte tática. Para ele é muito importante, não só pela carreira, mas por ego também. Quem não deseja uma Olimpíada? Só 12 técnicos vão estar lá, e ele quer estar dentro. Nós também.

UOL Esporte: Moncho diz, mesmo, que está gostando do trabalho e já fala que tem projeto para os próximos dois anos. E que depois iria se dedicar à família...
Grego:
(interrompendo) Ele fala sempre para mim: 'Se Deus quiser e, claro, se você quiser'... Claro que as coisas vão de dia para dia. Estamos muito contentes. O mais importante é a reação dos jogadores. No casamento de jogador e técnico, quem ganha jogo são os jogadores, mas o técnico ajuda muito. Ele dá bronca nos jogos, elogia, conversa, fala, e o jogador gosta disso. Essa união toda pode dar um grande resultado.

UOL Esporte: Você acha que o que foi mostrado até agora está acima do que esperava, independentemente do resultado do Pré-Olímpico?
Grego:
No início, não estava preocupado com a reação. Conhecia o Moncho há muito tempo. Estava, sim, preocupado com esse casamento. Há uma série de dificuldades quando você traz alguém de outro país. E isso tudo graças a Deus deu certo. Penso que o trabalho está indo bem. Todo mundo quer um resultado único, ficar entre os três. Isso pode acontecer, como pode não acontecer, já que os adversários não são bobos. Agora, está tudo caminhado para um final feliz.

UOL Esporte: Como é o retorno à Grécia?
Grego:
Ultimamente tenho vindo bastante. Tenho primos, parentes aqui. Vim para o sorteio das Olimpíadas, para os Jogos também, depois vim no sorteio do Pré-Olímpico e agora de novo. Vamos com um relacionamento bom. Nasci aqui em Atenas, em um bairro chamado Patissia. Minha família foi para o Brasil em 1955 e eu, no ano seguinte. Saí com 14 anos. Meu pai era comerciante, com uma loja de confecções. Fomos para São Paulo e depois partimos para Nova Friburgo. Comecei no basquete aqui, em um clube local, de bairro, chamado Sporting. No Brasil, comecei no Tijuca, fiz carreira no Botafogo, do qual fui diretor e vice-presidente de esportes olímpicos depois. Passei para a federação do Rio e, em 1997, cheguei à CBB.

UOL Esporte: No basquete nacional, há uma conversação entre os clubes que estavam separados para a formação de um único campeonato. O que pensa disso?
Grego:
Estou muito contente pelo que está acontecendo. O basquete brasileiro não pode ficar assim. Nós discutimos e brigamos muito e não olhamos o maior, que é o basquete. Nessa reunião que houve, dos clubes que não jogaram - vamos chamar assim, já que são todos brasileiros e não tem esse negócio de paulista e resto, não - e os que jogaram a liga, eles conversaram e entenderam que se pode fazer qualquer campeonato que se queira fazer. Está tudo encaminhando para acontecer, e estaremos juntos nessa trajetória. O pessoal de São Paulo entendeu, e estou muito contente com isso. Não tem nenhum cunho político. É um cunho altamente esportivo, de marketing e financeiro. Isso é um negócio. A liga nacional tem de ser um negócio para dar lucro até para os clubes. E você só vai conseguir isso se tiver na ponta de um triângulo os clubes, que são os artistas; na outra, a confederação, que é a entidade maior, que vai apoiar e ajudar nessa nova etapa; do outro lado, tem a mídia. Que os três juntos tragam dinheiro, seja de governo, particular, privado, não importa.

UOL Esporte: Como imagina que será o modelo desse campeonato?
Grego:
O modelo desenhado é o do mundo inteiro, com 12, 14, 16 clubes, sem sobreposição de campeonatos. Vai ter período para os Estaduais, que são importantíssimos. Isso os clubes estão decidindo. Agora pode ter certeza de uma coisa: todo mundo entendeu os erros que cometemos. Uso a palavra cometemos porque todos cometeram, não importa quem cometeu mais ou menos, foram todos. Ninguém foi sozinho nem bom, nem mau. Todo mundo reconheceu, e aí é mais fácil para depois arrumar. Estou feliz com o que está acontecendo, estou acompanhando, e acho que vai dar certo, com a união de todos os clubes. Depois as outras coisas virão como conseqüência.

Compartilhe: