UOL Olimpíadas 2008 Notícias

10/07/2008 - 08h23

"Tinha mágoa de quem menosprezava a seleção", diz surpresa Probst

Giancarlo Giampietro
Em Atenas (Grécia)
Ricardo Probst já estava de malas prontas, mas nem um pouco preparado para o forte calor do verão de Atenas. O destino da viagem seria sua cidade natal, Blumenau, em Santa Catarina. Uma ligação inesperada, em um domingo à noite, forçou o atleta a trocar o conteúdo da bagagem. No dia seguinte, ele deveria se apresentar à seleção brasileira, 11 anos depois de sua última convocação.

"MELHOR MOMENTO DA CARREIRA"
PRODUTO NACIONAL TESTA EFICIÊNCIA
As roupas de frio foram deixadas de lado sem pestanejar. O veterano ala-pivô, de 32 anos, foi listado inicialmente para o Sul-Americano, mas o plano da comissão técnica já era observá-lo para a composição do time do Pré-Olímpico, muito desfalcado.

Bastaram poucas sessões de treinamento, em três dias sob observação de Moncho Monsalve, para o espanhol ser convencido. Em junho, o atleta do Assis já estava inserido no grupo que disputará uma das três vagas ainda em jogo para as Olimpíadas, a partir do dia 14 de julho, em Atenas.

Na entrevista a seguir, Probst fala dos anos de espera para voltar à seleção - seu último torneio foi o Sul-americano de 1997. "Todos me respeitam porque estou aqui por merecimento", disse. "A mágoa que eu tinha era ver jogadores indo para a seleção e a menosprezando, e você querendo fazer tudo o possível pela seleção sem ser chamado."

UOL Esporte: Você realmente estava de malas prontas para viajar ao Sul do país quando recebeu a notícia da convocação?
Ricardo Probst:
É verdade. Foi no domingo à noite, durante o segundo jogo da final da NBA. Eu estava com o carro já carregado para ir com minha família a Blumenau. Ia apenas dormir para de manhã sair. Aí o técnico Paulo Sampaio ligou, falando que estava me convocado para a seleção sul-americana. Logo em seguida o Moncho entrou na conversa. Primeiro, brincou que não falava bem português, mas que falava muito bem espanhol. Ele disse que eu iria para a seleção sul-americana, que estava com problemas com Anderson Varejão e Guilherme Giovannoni e que eu seria observado nos treinos até a convocação do dia 11.

UOL Esporte: Usou a mesma mala ou teve de rearranjar a bagagem?
Probst:
Foi uma correria, já que tinha de viajar no dia seguinte. Acabei abrindo as malas, pegando algumas coisas bem rapidamente e saí de bate-pronto. De Assis para Londrina, o aeroporto mais perto estava fechado. Acabei pegando um ônibus e depois ponte-aérea para o Rio de Janeiro. Estou feliz da vida.

UOL Esporte: Como foram os primeiros dias no Rio com a seleção, antes do técnico espanhol divulgar a lista?
Probst:
Eu estava treinando bem, vim de uma excelente temporada. Acho que estou num excelente momento, tranqüilo. E de lá fui direto para a principal, que vai brigar por uma vaga aqui em Atenas.

UOL Esporte: Você teve temporadas muito regulares no basquete nacional nos últimos anos e não foi chamado. Isso era um incômodo, causava frustração?
Probst:
Em 2002 eu me especializei na posição quatro. Cresci muito, encontrei minha posição e ganhei uma consistência muito boa. Não guardo mágoa de não ter sido convocado ou rancor contra ninguém. A mágoa que eu tinha era ver jogadores indo para a seleção e a menosprezando, e você querendo fazer tudo o possível pela seleção sem ser chamado.

UOL Esporte: Mas como lidar com a situação de ser ignorado pela seleção?
Probst:
Acho que isso tudo serviu de incentivo para crescer. A cada temporada boa que tive sem ser convocado, cada vez que sucedia isso, eu me fortalecia mais. Tudo serviu para chegar a esse ponto. No meu melhor momento, com uma cabeça muito boa, bem centrada. Estou entrando tranqüilo na quadra nesses jogos [do Torneio de Acrópolis, em preparação para o Pré-Olímpico].

UOL Esporte: Como está a relação com o grupo?
Probst:
Todas as pessoas que estão na seleção eu conheço. Tenho meu espaço e o meu respeito aqui porque isso foi conquistado. Não estou aqui de favor, por política ou alguma coisa. Estou aqui por merecimento.

Compartilhe: