UOL Olimpíadas 2008 Notícias

12/03/2008 - 09h02

Ar "irrespirável" de Pequim assusta taekwondo brasileiro

Fernanda Brambilla
Em São Paulo
Convidado para um evento-teste em Pequim, o trio olímpico de taekwondo brasileiro sofreu em seu reconhecimento. Márcio Wenceslau saiu de sua primeira luta com o nariz sangrando. Em seu combate de estréia, Débora Nunes já reclamava de dores no peito. Um adversário em potencial dos brasileiros nessa Olimpíada promete ser a poluição atmosférica da capital chinesa.

BRASIL JÁ FALA EM PÓDIO
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As três medalhas conquistadas nos primeiros torneios da temporada deram novo fôlego ao taekwondo brasileiro no início do ano olímpico. Se no ano passado a modalidade voltou a alcançou a medalha de ouro pan-americana depois de 16 anos, um pódio nos Jogos de Pequim já surge aos olhos dos lutadores como a próxima etapa natural do país. Para a mais novata da equipe, Débora Nunes (-57 kg), porém, a passagem por Pequim serviu para perder o deslumbramento com a sua primeira Olimpíada.
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"Nunca vi uma coisa dessas. O ar de Pequim é 'irrespirável'", conta o coordenador-técnico da equipe, Mauro Hideki, que acompanhou os atletas. "Com a queda da temperatura, a umidade também caiu e, tanto de manhã como ao entardecer, o céu tinha uma névoa de fumaça."

Um dos truques do dirigente era tentar melhorar o ar na chegada ao hotel. "O jeito era ligar o chuveiro por uns 20 minutos, com uma temperatura bem quente, para fazer vapor. Isso ajudava a respirar melhor", conta Hideki.

Débora Nunes, a mais inexperiente da equipe, se disse surpresa com a dificuldade para recuperar o fôlego entre um golpe e outro. "Eu nunca tinha sentido isso na vida. Quando saí da primeira luta, tinha dores no peito. Era uma queimação, parecia que não tinha ar suficiente para respirar dentro da arena", comentou Débora.

Márcio Wenceslau, que luta em uma categoria semelhante à da colega (-58 kg), também sentiu o 'peso' da poluição. "Ficava com a garganta toda dolorida; meu nariz até sangrou, de tão seco que estava o ar", contou o atleta. "Nessas condições, o esforço físico para lutar era muito maior. Precisamos descobrir um jeito de minimizar esse mal, urgentemente."

O técnico da equipe, Carlos Negrão, até tentou amenizar a polêmica, mas deu razão aos apelos dos lutadores. "As autoridades chinesas dizem que vão reduzir o número de veículos nas ruas e parar até as atividades de algumas indústrias, mas infelizmente não acho que isso vá melhorar", admitiu o treinador, que espera uma solução das autoridades nacionais. "O vento carrega areia, que fica pairando no ar."

"A gente sabe que o COB (Comitê Olímpico Brasileiro) está ciente da nossa dificuldade. Temos muito receio de que os meninos sofram bronco-espasmos. Existe uma discussão até sobre o uso de máscaras em Pequim", continuou Negrão. "Ainda vamos discutir essa questão."

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