As três medalhas conquistadas nos primeiros torneios da temporada deram novo fôlego ao taekwondo brasileiro no início do ano olímpico. Se no ano passado a modalidade voltou a levar a medalha de ouro pan-americana depois de 16 anos, o pódio nos Jogos de Pequim surge aos olhos dos lutadores como a próxima etapa natural a ser cumprida.
"Vamos para a Olimpíada brigar por medalha, não tem essa de ir para competir. Estamos no mesmo nível das potências, com grandes chances de subir ao pódio", afirma o técnico Carlos Negrão. "O Pan foi um divisor de águas para o taekwondo brasileiro."
Além do discurso confiante, as primeiras medalhas - uma prata de Natália Falavigna e bronze para Márcio Wenceslau em Hamburgo, e bronze de Débora Nunes em Pequim - cumpriram a tarefa de elevar o moral após as sofridas finais nos Jogos Pan-Americanos do Rio, quando tanto Wenceslau quanto Natália perderam seus ouros.
"Essas medalhas não eram esperadas, mas vieram em um momento muito especial. Além de elevar a auto-estima dos lutadores, dá segurança aos nossos patrocinadores", revela Negrão.
Para o coordenador-técnico da delegação, Mauro Hideki, a chance de medalhas é igual com os três atletas, e nem mesmo o currículo de Natália Falavigna, campeã mundial em 2005, a põe em patamar diferenciado em relação aos colegas. "O nível deles é igual. Estão no mesmo patamar, com as mesmas chances", diz.
Para a novata Débora Nunes, porém, a primeira medalha teve valor especial. "Foi a primeira vez que estive em Pequim, então serviu para eu deixar o deslumbramento de lado", admitiu a atleta. "Me espelho muito na Natália e no Márcio, então estou tentando me adaptar a tudo o mais rápido possível, porque sei que nesse aspecto estou em desvantagem."
Em defesa da lutadora, o técnico da equipe minimizou a falta de bagagem internacional de Débora. "Ela está crescendo muito rápido, e experiência é apenas um aspecto em tantos que influenciam em um combate. Para ela, as coisas ainda são novidade, mas ela é a mais experiente entre as meninas da categoria dela", justificou Carlos Negrão.
Para Falavigna, mais experiente do grupo, se ateve a um discurso contido. Quarta colocada em Atenas-2004, ela prefere não fazer projeções. "Ainda estamos no início da nossa preparação. Precisamos aproveitar o tempo de treinos internacionais como esse para tentar absorver o maior número de situações possível, diversificar", diz ela. "O mais importante é manter o foco em mim, no que eu preciso fazer e melhorar."