Olimpíadas 2016

Público e rivais fazem doping virar assunto principal na natação da Rio-16

Hannibal Hanschke/Reuters
Yuliya Efimova chegou a ser suspensa pela Fina, mas conseguiu liberação para competir na Rio-2016 imagem: Hannibal Hanschke/Reuters

Guilherme Costa e Karla Torralba

Do UOL, no Rio de Janeiro

Não são os argentinos os nadadores mais vaiados na piscina do Estádio Aquático Olímpico, casa das competições de natação da Rio-2016. A torcida presente no espaço escolheu como vilões os russos, protagonistas de um escândalo de doping que quase tirou alguns deles dos Jogos. A reação do público e até o comportamento de rivais deixou claro: ao menos no início, o consumo de substâncias ilícitas tem sido tema extremamente relevante na disputa da modalidade.

Foi assim que o australiano Mark Horton, vencedor dos 400 m livre na Rio-2016, resolveu provocar o chinês Sun Yang, que ficou em segundo por apenas 13 centésimos. O asiático havia cutucado o rival em um treino, na quinta-feira (05), quando atirou água nele propositalmente.

No sábado (06), depois da eliminatória dos 400 m livre, Horton se recusou a cumprimentar Sun Yang. Como justificativa, disse que “não tinha tempo para dopados”.

“Não acho que tenha sido uma grande declaração. Foi simplesmente a verdade: ele testou positivo. Todo mundo está falando sobre drogas no esporte, e eu não acho que seria certo disputasse com alguém que testou positivo e perdesse”, disse Horton após ter faturado a medalha de ouro.

O doping também foi tema de uma altercação na disputa dos 100 m peito feminino. A russa Yulia Efimova foi muito vaiada quando teve o nome anunciado na piscina do Estádio Aquático durante a manhã de domingo (07), nas eliminatórias da prova.

Efimova estava em uma lista de nadadores russos punidos pela Fina (Federação Internacional de Esportes Aquáticos) por causa de um escândalo de doping em série que assolou o esporte do país. Ela foi excluída da Rio-2016 em julho, apelou e só pôde competir na Rio-2016 porque contou com uma decisão favorável no CAS (Corte Arbitral do Esporte).

Atual campeã mundial da prova, Efimova fez 1min05s79 e venceu sua bateria, a penúltima da eliminatória. Comemorou ainda na piscina, com o dedo apontado para o alto, fazendo sinal de número 1.

Na série seguinte, porém, a norte-americana Lilly King bateu o tempo de Efimova. Ela cumpriu o percurso em 1min05s78 e também comemorou com o dedo em riste. Questionada sobre o gesto, admitiu que foi uma provocação: “Você fica mostrando o número 1 e você foi pego no doping... eu não posso ser fã disso”.

Na sessão noturna, a reação do público aos russos voltou a ser perceptível. Efimova foi novamente vaiada, mas em menor escala. No revezamento 4x100 m livre masculino, os apupos foram extremamente audíveis.

“Acho que o que ela [Lilly King] fez foi certo. Nós fazemos as coisas do jeito certo e queremos que o trabalho seja feito do jeito certo”, cobrou o norte-americano Codey Miller, medalhista de bronze nos 100 m peito.

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