"Não sei se eu já competi em um ambiente limpo", diz Phelps sobre doping

Recordista de medalhas na história dos Jogos Olímpicos, o norte-americano Michael Phelps, 31, colocou em xeque nesta quarta-feira (03) a lisura das disputas de alto nível da natação internacional. Em meio a um escândalo de doping que tirou uma série de atletas russos da Rio-2016 – mas não afetou a equipe do país na natação –, o atleta foi questionado sobre consumo de substâncias ilícitas no esporte e deu uma resposta que reforçou controvérsias.

“Há algo que precisamos mudar em todos os esportes, e não apenas na natação. Como atletas, precisamos competir em ambientes limpos. É muito triste que não possamos controlar isso e que as pessoas encarregadas não possam controlar. Não sei se eu já competi em um ambiente limpo”, ponderou o nadador.

A declaração de Phelps é especialmente relevante por causa de toda a discussão sobre doping que tem acompanhado os Jogos Olímpicos de 2016. O escândalo envolvendo a Rússia, que teria um esquema nacional de suporte ao consumo de substâncias ilícitas, chegou a provocar um racha na cúpula do COI (Comitê Olímpico Internacional) – Thomas Bach, presidente da entidade, e o vice Craig Reedie, que comanda a Wada (Agência mundial antidoping), têm posições dicotômicas sobre o assunto.

Em meio a tantas discussões, poucos atletas têm adotado posturas enfáticas sobre doping. Nesta quarta-feira, por exemplo, outros nadadores norte-americanos foram questionados sobre o tema. Ryan Lochte e Missy Franklin preferiram não responder, e Nathan Adrian, único que abordou o tema, tergiversou.

A assertividade de Phelps é representativa também do ponto de vista pessoal. O nadador tem crescido em termos de liderança na equipe norte-americana. Em 2016, foi eleito capitão pela primeira vez na carreira – o posto é escolhido em votação com os próprios atletas.

“Liderar o país nas Olimpíadas é algo que eu nunca pensei que teria oportunidade de fazer”, comemorou o nadador.