COB rebate médico português sobre doping: "Aqui não é bem-vindo"
Diretor-executivo do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), Marcus Vinicius Freire rebateu nesta quarta-feira as declarações de um membro da ABCD (Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem) que dizia que a entidade e o Ministério do Esporte estavam dificultando a realização de exames antidoping nos atletas brasileiros.
O médico português Luis Horta trabalhou na agência como consultor internacional da Unesco em pouco menos de dois anos, até junho desse ano. Ele falou em entrevista ao jornal Lance que deixou o cargo para preservar sua dignidade, indicando que os brasileiros queriam ser eximidos de teste para terem bons resultados esportivos nos Jogos do Rio.
Horta fez as críticas de Lisboa, somente depois de deixar o país. “Tratava-se de um momento crucial da política antidopagem do país, relativa à garantia que se estava a dar a todo o Programa Mundial Antidopagem de que as medalhas do Brasil seriam limpas”, criticou, fazendo referência ao seu trabalho.
Marcus Vinicius deu sua versão e disse que em nenhum momento o comitê brasileiro fez pressão contra a realização de exames antidoping. Ressaltou apenas que a agência estava abusando do número de testes, repetidas vezes, em um mesmo atleta num curto período de tempo. E que isso atrapalhava a preparação dos mesmos.
“Trabalhei por seis anos em órgãos que combatem o doping. Nunca reclamamos por ter que realizar exames, mas sim pela quantidade exagerada a que os principais atletas eram submetidos pela agência durante a preparação. Em menos de um mês tiveram que fazer 10 testes, isso atrapalhava a preparação”, falou nesta quarta-feira na Vila Olímpica.
“Uma coisa é um atleta ser chamado quatro vezes e faltar três. Outra coisa é ter que faltar em um teste de 10 feitos em 30 dias. Não há necessidade disso. Eram exagerados, nas mesmas pessoas, nos principais atletas, como que quem quer mostrar serviço”, prosseguiu.
Marcus Vinicius ainda classificou a declaração do médico português de infelizes. “Foram declarações completamente infelizes. Uma pena que ele não está aqui no Brasil pra termos uma conversa olho no olho. Mas é bom que ele passe o resto da vida em Portugal, pois aqui ele não é bem-vindo”, finalizou.