Assento de R$ 80 para Rio-2016 tem grade e coluna de metal na frente
O comitê organizador dos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, anunciou no fim de julho que colocaria à venda uma carga de ingressos para locais com visão parcial no Estádio Aquático Olímpico, casa da natação no megaevento. Nesta semana, depois da instalação dos telões e com o início dos primeiros treinos no equipamento, foi possível ter uma noção do quão parcial é a visão nesses assentos. À venda por R$ 80, essas cadeiras têm obstáculos como barras de ferro e até colunas no caminho entre o espectador e a piscina.
As áreas com situação mais dramática são as extremidades das fileiras M e N. Em alguns assentos dessa área é impossível ver a parede em que serão feitas as chegadas das provas de natação. Em outros, ainda que a visão da piscina seja perfeita, o espectador não conseguirá enxergar o local em que serão feitas as cerimônias de premiação.
Construído com estrutura temporária – vai ser transformado em dois parques aquáticos depois dos Jogos –, o Estádio Aquático Olímpico tinha projeto original sem sustentação adequada para a cobertura. O teto veio depois, e o jeito mais barato de encaixá-lo foi a instalação de quatro grandes colunas de metal nas extremidades da arena.
A questão é que essas colunas criaram pontos cegos no estádio – pelo menos 8% da capacidade total do aparato, que comporta 18 mil espectadores. A estimativa da Fina (Federação Internacional de Natação) é ainda mais dramática – a entidade fala em até 30% de assentos com visão prejudicada.
Tomando como base a conta mais otimista sobre o estádio, feita pelo comitê organizador dos Jogos, o simples bloqueio dos locais com visão prejudicada geraria um prejuízo de até R$ 10,6 milhões (valor correspondente ao que a entidade poderia arrecadar se vendesse todos os ingressos para esses setores em todas as sessões da Rio-2016).
No fim de julho, o comitê organizador decidiu vender ingressos para áreas com visão prejudicada. Cobrou R$ 80 para sessões nesses setores do estádio – as entradas mais caras para a natação, nas arquibancadas centrais, custam R$ 350.
Além do óbvio aspecto financeiro de quanto o comitê perderia se bloqueasse esses lugares, a venda de assentos com visão prejudicada atende a uma cobrança da Fina, que vinha reclamando da capacidade do Estádio Aquático Olímpico. Dirigentes da entidade chegaram a dizer que haveria menos de dez mil entradas à venda para o aparato na Rio-2016 (descontando pontos cegos, convites para patrocinadores e parceiros e tribunas de imprensa).