Olimpíadas 2016

Temor pela zika diminui e atletas até brincam com cuidados contra mosquito

Instagram/Reprodução
Suíços mostram mosquiteiros que usam no quarto durante Rio-2016 imagem: Instagram/Reprodução

Bruno Doro, Fabio Aleixo e Gustavo Franceschini

Do UOL, no Rio de Janeiro

De longe, o mosquito parecia capaz de parar uma Olimpíada. Só que quem chegou ao Rio de Janeiro viu outra realidade. E, depois de uma semana na cidade olímpica, os estrangeiros trocaram a histeria por uma simples precaução. O temor pelo zika (e seus efeitos ainda em estudo) produziu manchetes alarmantes, fez dirigentes trabalharem dobrado e, em última instância, serviu de justificativa para vários atletas que desistiram de vir ao Brasil.

"Na minha opinião está tudo normal até agora. Estou usando repelente e dormindo com a janela fechada. Acho que a criminalidade é uma preocupação maior”, avalia Felix Wimberger, remador da Alemanha. “Não vejo nada de zika, estão fazendo um fumacê diário", aponta Juan Rodriguez, cubano do tiro esportivo. “Está tudo bem. Para ser sincero, eu não vi nenhum mosquito e não estou preocupado”, completa Ayyasamy Dharun, indiano do atletismo.

Não são opiniões isoladas. O fluxo de atletas estrangeiros no Rio começou, de fato, no fim de semana passado. Desde então, poucos lembraram do mosquito. Hope Solo e seu arsenal ficaram, ao menos por enquanto, para trás - ela até pediu desculpas pelas fotos em seu desembarque.

A preocupação não se esvaiu, mas em um tom muito mais ameno. No último domingo, por exemplo, chinesas da ginástica postaram com sorriso no rosto fotos das suas camas envoltas em uma tela de proteção contra mosquitos. Campeões mundiais e quinto lugar em Londres-2012 na prova do Quatro-sem, os remadores Simon Schürch e Mario Gyr também postaram uma foto da cama com o mosquiteiro e escreveram a frase: "Nós sempre quisemos uma cama com dossel (nome da tela de proteção". Os suíços ainda colocaram hashtags como "zika zero" e "dormindo bem no Rio".

A mudança não é por acaso. Ao longo dos últimos meses, a organização se esforçou para eliminar focos de proliferação do aedes aegypti em área relacionadas à Rio-2016. Na chegada dos atletas, distribuiu frascos de repelente, camisas de manga comprida e os instalou em apartamentos com telas de proteção contra mosquitos. Diariamente, um caminhão passa pela Vila dos Atletas fazendo um fumacê com inseticida.

As medidas ajudam a combater um problema que a essa altura do ano já é naturalmente menor. Em um clima mais ameno, a incidência de mosquitos diminui drasticamente. Isso já havia sido previsto por Comitê Organizador, pelo Governo Federal, pela OMS. Desde o princípio da crise. Mas os argumentos nunca convenceram totalmente. Foi só ao ver a realidade de perto que as críticas diminuíram.

“Eu penso que está tudo muito tranquilo. Faz dois meses já que estou aqui no Brasil e não tive nenhum problema. Nos deram repelente, mas eu nem tirei ele da mochila. Não sei se houve exagero [de preocupação e desistências]. Isso vai de cada um”, disse Dolores Moreira, uruguaia da vela.

A concorrência das más notícias também influenciou. Em uma semana, a Rio-2016 teve de conviver com problemas nos apartamentos da Vila, um princípio de incêndio, a destruição de uma parte da estrutura da Marina da Glória, uma ameaça de bomba e um caso de estupro no Parque Olímpico. Zika por zica, o mosquito acabou longe do noticiário.

Australiana ironiza combate a mosquitos

Nesta tarde, a ex-ciclista Katherine Bates brincou com a dedetização da Vila Olímpica nas redes sociais. “O que é pior: contrair o zika vírus ou inalar essa química?”, questionou a australiana, postando um vídeo de uma caminhonete soltando o popular “fumacê” no Rio de Janeiro.

Topo