Olimpíadas 2016

Na Rio-2016, Scheidt é o "quarentão" maioral contra um monte de garotos

 Saulo Cruz/Exemplus/COB
Robert Scheidt, velejador do Brasil, concede entrevista coletiva no CT do Time Brasil antes da Rio-2016 imagem: Saulo Cruz/Exemplus/COB

Guilherme Costa e Gustavo Franceschini

Do UOL, no Rio de Janeiro

Robert Scheidt não é apenas o brasileiro mais vitorioso em Olimpíadas. Ele é também o maior nome da categoria laser, na qual ele irá competir na Rio-2016. Se subir ao pódio, será o primeiro atleta, contando todas as classes, a somar seis conquistas na vela. E em seis edições consecutivas, o que seria um recorde na história dos Jogos, considerando qualquer esporte. Tudo isso aos 43 anos, contra jovens de 20 e poucos anos.

O conflito de gerações é uma das histórias de Robert Scheidt na Rio-2016, que deve ser a última Olimpíada da sua carreira. Hoje, ele é o quinto do ranking mundial. No top 10, ninguém além dele tem mais de 30 anos, sendo que o líder é 16 primaveras mais jovem que o ícone brasileiro. A distância gera situações curiosas. Em um dos eventos-teste realizados na Baía de Guanabara, por exemplo, o italiano Francesco Marrai, 23 anos, venceu a prova e saiu da água contando à imprensa que tinha pôsteres do ídolo em seu quarto na adolescência.

Não é para menos. O brasileiro tem dois ouros (1996 e 2004), duas pratas (2000 e 2008) e um bronze (2012), e uma nova medalha o levaria a várias marcas importantes. Para começar ele se isolaria como o atleta do país mais vitorioso nos Jogos, deixando para trás Torben Grael, que também tem cinco pódios.

O companheiro de regatas também perderia de vez a disputa na própria vela. Scheidt, Torben e o inglês Ben Ainslie são os únicos atletas do esporte que venceram cinco medalhas olímpicas até hoje, e a Rio-2016 poderia desempatar essa briga. Por último, ele ainda tem a chance de igualar um recorde de longevidade. Até hoje, só três atletas venceram medalhas em seis edições consecutivas dos Jogos: Aladar Gerevich (HUN), da esgrima, e Anky van Grunsven (HOL) e Hans Winckler (ALE), do hipismo.

“Tem números que podem ser atingidos, mas eu não penso muito nisso. Eu não penso muito no meu passado, no que eu fiz. Minha cabeça está nessa Olimpíada”, diz Robert, ressaltando o que ainda tem para dar. A expectativa neste sentido é enorme.

Na visão da CBVela e do COB, a medalha de Scheidt é a aposta mais certa do Brasil para as Olimpíadas na vela, ainda que Martine Grael e Kahena Kunze tenham resultados mais consistentes na 49erFX. A questão é que o veterano é experimentado, conhece bem o exigente circuito da Baía e tem características técnicas que o favorecem na disputa.

“Talvez seja a primeira Olimpíada que não chego como favorito, isso vai ser diferente para mim”, disse ele, apontando o inglês Nick Thompson, atual bicampeão mundial, como o principal candidato ao ouro. “Aquele domínio que eu tinha antes eu não tenho mais, mas a experiência tem muita importância nesse esporte”, completou ele, quase em tom de alerta para os rivais. 

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