COI mantém Rússia na Rio-2016, mas atletas terão de provar que estão limpos
O Comitê Olímpico Internacional anunciou neste domingo (24) que a Rússia não será excluída dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro após os recentes escândalos de doping que afetaram diversos esportes e atletas do país. A decisão foi tomada de forma unânime - com apenas uma abstenção - após uma conferência telefônica entre membros do Conselho Executivo. No entanto, o COI impôs várias restrições para que os russos tenham acesso à competição (confira a íntegra das exigências no rodapé do texto).
Em comunicado, o COI destacou que não poderia banir por completo a delegação russa, pois isso prejudicaria atletas que não estão ligados a doping. O COI salienta que aceitará russos, desde que eles provem sua inocência e recebam o aval específico de cada federação.
“É uma decisão muito difícil porque a qualificação e as inscrições para o Rio já estão finalizadas”, disse o presidente do COI, Thomas Bach.
“A mensagem que deixamos é que os atletas russos têm de assumir responsabilidade coletiva pelo sistema. Mas também é uma mensagem de encorajamento para os atletas limpos provarem que estão limpos e poderem servir de modelo na luta contra o doping na Rússia”, acrescentou Bach.
Uma das exigências para o russos feita pelo COI é que nenhum atleta que já tenha sido punido por doping participará da Rio-2016. Outro requisito para entrar na Rio-2016 é a apresentação de exames certificados pela federação internacional da respectiva modalidade. Um atleta russo só terá autorização após o exame passar por uma segunda avaliação do comitê que regula os Jogos.
Na concorrida teleconferência, Bach não explicou como funcionará esta avaliação para esportes coletivos.
A Rússia anunciou na última semana uma delegação de 387 atletas para os Jogos do Rio de Janeiro. Destes, 68 são do atletismo, que vive uma crise à parte e a federação russa já foi suspensa pela Associação das Federações Internacionais de Atletismo (Iaaf).
Concorrentes queriam exclusão da Rússia
A pressão dos países concorrentes aumentou em 18 de julho, quando a Agência Mundial Antidoping (Wada) informou que a Rússia falsificou os resultados de exames antidoping realizados durante os Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi, em 2014.
Os pedidos para a exclusão da Rússia se multiplicou desde a publicação do relatório McLaren, acusando o Estado russo de promover um sistema de doping generalizado no esporte, contando inclusive com a ajuda do FSB, o serviço secreto do país.
A Itália foi uma das únicas que apoiou a Rússia.
O COI já dava sinais de que manteria a Rússia nos Jogos. Na última semana, o presidente do COI, Thomas Bach, havia dito que não hesitaria em aplicar sanções mais pesadas à Rússia para impedir que atletas limpos competissem contra outros que pudessem não estar respeitando as regras antidoping.
“O COI não hesitará em tomar as mais duras sanções disponíveis contra qualquer indivíduo ou organização implicada", disse o presidente do COI, Thomas Bach, comentando um relatório da Agência Mundial Anti-Doping (WADA), que alega, entre outras questões, que as autoridades russas estariam envolvidas em um amplo programa de doping dos atletas do país.
A decisão do COI contraria postura do Tribunal Arbitral do Esporte, que não aceitou recurso solicitado pela Rússia e manteve a exclusão da Associação Internacional de Federações de Atletismo, que proibiu atletas do país de participarem dos Jogos Olímpicos.
Exigências para os russos participarem da Rio-2016
1 - O Comitê Olímpico Internacional não irá aceitar nenhuma entrada de qualquer atleta russo nos Jogos Olímpicos Rio-2016 a menos que esse atleta respeite as condições abaixo.
2 – A entrada dos atletas será aceita pelo Comitê Olímpico Internacional somente se um atleta for capaz de fornecer evidências suficientes para satisfazer completamente a sua Federação Internacional em relação aos seguintes critérios:
· As federações internacionais, quando estabelecem seus pool de atletas russos elegíveis, para aplicar as regras do Código Mundial Antidoping e outros princípios acordados pelo Comitê Olímpico em 21 de junho de 2016.
· A abstenção de um teste nacional de doping não pode ser considerada suficiente pelas Federações Internacionais.
· As Federações Internacionais deverão carregar análises individuais de registros antidoping de cada atleta, tendo em conta apenas testes internacionais adequados aos padrões de confiabilidade, assim como as especificidades do esporte de cada atleta e suas regras, de forma a garantir o nível de competitividade.
· As Federações Internacionais deverão examinar as informações contidas no IP Report, e para esse propósito buscar na Wada os nomes dos atletas e nas Federações Nacionais para ver se existe alguma implicação. Se não houve nada implicado, sendo atleta, um oficial ou uma Federação Nacional poderão ser aceitos ou acreditados para os Jogos Olímpicos.
· As Federações Nacionais deverão aplicar suas respectivas regras em relação às sanções das Federações Nacionais inteiras.
3 – O Comitê Olímpico Russo não está permitido a inscrever nenhum atleta nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro-2016 que já tenham sido sancionados por doping, mesmo que ele/ela já tenha cumprido a sanção.
4 – O Comitê Olímpico Internacional irá aceitar uma entrada solicitada pelo Comitê Olímpico Russo somente se a Federação Internacional entender que as evidências apresentadas para cumprir as condições 2 e 3 acima foram cumpridas e se ele for mantido por um perito da lista do Tribunal Arbitral do Esporte apontado por um membro da ITAS, sendo independente de qualquer organização esportiva envolvida nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.
5 – A entrada de qualquer atleta russo aceito definitivamente pelo Comitê Olímpico Internacional será submetida a um rigoroso processo adicional de testes fora do período de competições coordenados junto a respectiva Federação Internacional e a Wada. Qualquer indisponibilidade para este programa irá resultar na imediata retirada da acreditação feita pelo Comitê Olímpico Internacional.