Ex-goleiro do São Paulo inicia disputa por medalha na vela da Paraolimpíada de Londres
Do UOL, em São Paulo
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Gustavo Franceschini/UOL
Bruno Neves e sua parceira Elaine Cunha durante um treino de vela adaptada na represa de Guarapiranga
Bruno Neves inicia neste sábado a disputa por uma medalha paraolímpica em Londres, algo que nem passava pela sua cabeça seis anos atrás. Na verdade, seu sonho em 2006 era sim participar de uma Olímpiada, mas pela seleção brasileira de futebol, como camisa 1, algo que foi impedido por um grave acidente de carro.
O hoje velejador era goleiro do São Paulo e constantemente chamado para as categorias de base da seleção em 2006, quando ficou tetraplégico após o carro que dirigia capotar na rodovia Regis Bittencourt. Assim, a promissora carreira embaixo das traves foi interrompida para alguns anos depois, mais precisamente em 2009, outra começar, desta vez dentro de um barco.
Ao lado da parceira Elaine Cunha, Bruno, hoje com 26 anos, competirá na categoria Skud 18, que começa neste sábado, às 7h. Serão 11 regatas até a final, que será no dia 6 de setembro. O ex-goleiro é o timoneiro do barco.
A dupla conquistou a vaga nos Jogos Paraolímpicos de Londres de forma surpreendente ao terminar o Campeonato Mundial de Vela Adaptada em Weymouth, no ano passado, na 16ª posição, depois de enfrentar muitos problemas para se adaptar ao barco usado na competição, já que eles treinavam com um barco diferente e que era adaptado para a categoria.
Para os Jogos de Londres, a Confederação Brasileira de Vela Adaptada (CBVA) disponibilizou uma embarcação correta para o treinamento, porém, eles não aconteciam no Brasil, então, era necessário que Bruno e Elaine viajassem para a Europa para períodos de treinos.
O acidente que deixou Bruno tetraplégico aconteceu na rodovia Régis Bittencourt. O ex-jogador era o terceiro goleiro do São Paulo e considerado uma das grandes promessas do clube. No acidente, morreram Weverson Saffiotti, quarto goleiro e companheiro de Bruno, e Nathália Manfrin, jogadora de vôlei do time de Osasco.
Bruno passou oito meses internado, sendo que três sem falar, outros três sem comer, além de ouvir dos médicos que só conseguiria mexer os olhos. Algo que ele, a partir deste sábado, provará mais uma vez que estavam muito enganados.