EUA batem China e recuperam supremacia nas medalhas; veja quem subiu e quem desceu em Londres

Ricardo Zanei

Do UOL, em São Paulo

  • Flavio Florido/UOL

    Phelps e o ouro nos 100 m borboleta; ninguém ganhou mais medalhas que ele em Londres, com seis

    Phelps e o ouro nos 100 m borboleta; ninguém ganhou mais medalhas que ele em Londres, com seis

O peso do "fator campo" para decidir a classificação geral dos Jogos Olímpicos de Londres esteve além dos locais de disputa, sejam estádios, ginásios, pistas ou piscinas. Teve a ver diretamente com a cidade-sede e a real competitividade do país anfitrião. Porque, para as superpotências olímpicas, o Reino Unido serviu de campo neutro para a revanche norte-americana contra os chineses. Em 2012, os EUA levaram a melhor contra a China, que em 2008 havia vencido a corrida em casa, fazendo os EUA saírem de Pequim com um amargo segundo lugar no medalheiro.

Em Londres, os norte-americanos ganharam mais medalhas e mais ouros que os asiáticos e recuperaram o domínio conquistado em Atlanta-1996, Sydney-2000 e Atenas-2004. Além disso, atingiram o maior número de vitórias desde Los Angeles-1984.

O principal declínio chinês se deu em uma modalidade que o país dominava: a ginástica. Em 2008, entre rítmica, artística e trampolim, foram 19 medalhas, com 11 ouros. Em 2012, foram 12 pódios com ginastas do país, mas apenas 5 ouros (4 na artística e 1 no trampolim). O levantamento de peso também apresentou queda, passando de 8 para 5 ouros.

Mesmo com a invasão chinesa no atletismo e na natação, os EUA deram o troco exatamente nessas duas modalidades, em que têm enorme tradição: nas pistas, o crescimento foi de 6 ouros em 2008 para 9 em 2012, enquanto na água o número de triunfos cresceu de 12 para 16.

Aliás, o duelo no atletismo foi um dos fatores para a queda chinesa. Em Pequim, o confronto marcou 22 a 2 para os EUA em número de medalhas e 6 a 0 contabilizando apenas os ouros. Em 2012, a vitória norte-americana foi por 29 a 5 (9 a 1 em ouros).

Veja, abaixo, o desempenho de outros países que brilharam - ou não - em Londres:

REINO UNIDO


29 17 19
65
3º COLOCADO

Foi uma fartura. O Reino Unido não ganhava tantas medalhas nos Jogos desde 1908, justamente em Londres. Na ocasião, foram 56 ouros, 51 pratas, 38 bronzes e um total de 145 medalhas, conquistando o único título olímpico. Agora, os 29 ouros, 17 pratas e 19 bronzes (total de 65) corresponderam à melhor participação britânica em mais de um século. O time terminou em terceiro no geral, o que não acontecia desde Paris-1920.

RÚSSIA


24 25 33
82
4ª COLOCADA

A Rússia foi o terceiro país com o maior número de medalhas em Londres, com 82, apenas 5 a menos que a China. Foi apenas um ouro a mais do que em Pequim (24 a 23), mas foram 10 medalhas a mais no total (82 a 72). Depois do fraco desempenho em 2008, a recuperação em número de pódios é um alento para o país. Para voltar a rivalizar com os chineses e, principalmente os norte-americanos, os russos precisam ganhar como faziam na época da União Soviética. Ou, no mínimo, quando competiu como CEI (Comunidade dos Estados Indepententes): em Barcelona-1992, foram 45 ouros, 112 medalhas no total e a liderança no quadro geral.

COREIA DO SUL


13 8 7
28
5ª COLOCADA

Os asiáticos tendem a se firmar como a quinta força do esporte olímpico. Foi assim em Londres, com o mesmo número de ouros de Pequim - 13 -, mas com 3 medalhas a menos. A queda no número de pódios pode parecer um retrocesso, mas, no quadro geral, alçou o país do sétimo para o quinto lugar. Para isso, atirar foi fundamental, já que ninguém foi melhor que os sul-coreanos no tiro esportivo (5 medalhas, 3 ouros e 2 pratas) ou no tiro com arco (4 medalhas, 3 ouros e 1 bronze).

ALEMANHA


11 19 14
44
6ª COLOCADA

Se em 2008 a Alemanha já foi criticada pela campanha olímpica, o rendimento ainda inferior em 2012 deixou a imprensa do país enfurecida. O número de ouros, 11, foi o menor desde que a unificação, em Barcelona-1992. Antes, a pior campanha era dos Jogos de 2000 e 2004, com 13 ouros em cada. Já em número total de medalhas, 44, a marca só é melhor que os 41 de Pequim. Um dos fatores que explicam a queda é o péssimo desempenho na natação: desde a unificação, o país soma 13 ouros e 59 medalhas no total; foram 2 ouros e 1 bronze em Pequim e, em Londres, apenas 1 prata, curiosamente, fora das piscinas - na maratona aquática.

FRANÇA


11 11 12
34
7ª COLOCADA

Os franceses ganharam menos medalhas em 2012 em comparação a 2008, mas venceram mais em Londres: 11 a 7. O desempenho no natação foi fundamental para levar o país ao sétimo lugar no geral, 7 medalhas, sendo 4 ouros, atrás apenas de EUA e China. Além disso, revelou dois nomes que prometem dar trabalho aos rivais nas piscinas: Yannick Agnel e Florent Manaudou. No judô, foram mais 7 pódios, com 2 ouros e 5 bronzes. Poderia ser melhor se o país não fracassasse tanto em um de seus carros-chefe, a esgrima: segunda maior vencedora olímpica da modalidade, a França não foi a nenhum pódio em Londres.

ITÁLIA


8 9 11
28
8ª COLOCADA

Dá para dizer que a Itália é um país regular nas Olimpíadas, levando em conta os Jogos de Pequim e Londres. Em 2008, foram 8 ouros, 10 pratas e 10 bronzes (28 no total). Agora, a campanha foi quase idêntica, com 8 ouros, 9 pratas e 11 bronzes (29). A espada foi responsável pelo desempenho italiano, com 3 ouros, 2 pratas e 2 bronzes nas provas de esgrima. Sem os franceses no pódio, os italianos se firmaram como os maiores vencedores da história da esgrima olímpica, com 46 ouros, e ainda lideram no total de medalhas da modalidade, com 118.

HUNGRIA


8 4 5
17
9ª COLOCADA

Desde Barcelona-1992, a Hungria não aparecia tão bem colocada ao fim dos Jogos. Oitavo na Espanha, há 20 anos, o país terminou na nona posição em Londres, se recuperando de um péssimo 21º lugar em Pequim. O sucesso veio pela água, com 6 medalhas na canoagem de velocidade (3 ouros) e outras 3 na natação (2 ouros). No total, foram 17 medalhas, sendo 8 douradas.

AUSTRÁLIA


7 16 12
35
10ª COLOCADA

Parece que o país reencontrou a realidade vivida antes dos Jogos de Sydney-2000. Em casa, os australianos fizeram a melhor campanha de sua história em número de medalhas - 58, com 16 ouros. Em Atenas-2004, veio o maior número de vitórias, 17, contra 14 de Pequim-2008. Em Londres, apenas 7 ouros e 35 medalhas, pior campanha desde Barcelona-1992. Claramente, a natação vem sendo a modalidade responsável pelo sucesso - ou fracasso - do país: por exemplo, foram 14 ouros e 33 medalhas no total em Sydney, contra 1 triunfo e um total de 10 pódios em Londres.

JAPÃO


7 14 17
38
11º COLOCADO

O país com maior número de medalhas no judô olímpico foi bem no pódio na modalidade em Londres, mas pecou na briga pelo ouro. Somou 3 pratas e 3 bronzes, é verdade, mas ganhou apenas uma categoria, o menor número de ouros desde Seul-1988. O fraco desempenho em ouros no dojo deixou o país apenas em 11º no geral. Quem salvou a pele dos nipônicos foram os representantes de luta olímpica, responsáveis por 4 dos 7 ouros do país em Londres.

CAZAQUISTÃO


7 1 5
13
12º COLOCADO

O país ganhou fama mundial pela citação no filme "Borat", mas começou a flertar com o top 10 em Londres. Foram 7 ouros, mesma marca de Japão (11º no geral) e Austrália (10º) e 13 medalhas no total. A melhor campanha olímpica do país, que estreou nos Jogos em Atlanta-1996, se deveu graças ao levantamento de peso (4 ouros) e ao boxe (1 ouro, 1 prata e 2 bronzes). Será que a nação passará do folclore cinematográfico para uma potência olímpica?

CUBA


5 3 6
14
15ª COLOCADA

A terra de Fidel pode comemorar o reencontro da vitória no boxe. Depois de passar em branco em Pequim, com 4 pratas e 4 bronzes, o país se recuperou em Londres e conseguiu 2 dos seus 5 triunfos nos Jogos. O país passou de 24 medalhas em 2008 para 14, mas subiu 13 posições no quadro de medalhas, de 28º para 15º.

 

COMPARATIVO: BRASIL TEM RECORDE DE PÓDIOS, MAS EVOLUÇÃO É PEQUENA

  • Arte UOL

UOL Cursos Online

Todos os cursos