Coadjuvante no ouro de Londres, Paula Pequeno diz que foi mal aproveitada por Zé Roberto

Bruno Freitas

Do UOL, em Londres (Inglaterra)

  • Flávio Florido/UOL

    Paula Pequeno comemora ponto em uma das partidas da seleção feminina nos Jogos de Londres

    Paula Pequeno comemora ponto em uma das partidas da seleção feminina nos Jogos de Londres

Líder do time que conquistou o primeiro ouro feminino do vôlei brasileiro em Pequim, a bicampeã Paula Pequeno terminou a campanha nos Jogos de Londres com um papel menor, coadjuvante na posição que viu Fernanda Garay brilhar. Apesar do sucesso coletivo, a ponteira de 30 anos afirmou ao final da competição que se sentiu mal aproveitada pelo técnico José Roberto Guimarães durante a trajetória olímpica.

Em Londres, Paula chegou como titular, mas não apresentou bom desempenho nos primeiros jogos. Na quarta partida da competição, diante da China, o treinador da seleção resolveu sacar a MVP da Olimpíada de Pequim-2008 e escalou Fernanda Garay, protagonista na vitória decisiva sobre os Estados Unidos por 3 sets a 1.

SUPERSTIÇÃO DA CALCINHA

Depois de uma primeira fase complicada, com derrotas inesperadas, a seleção embalou na Olimpíada após a dramática vitória sobre a Rússia por 3 sets a 2 nas quartas de final. A partir dali Paula resolveu se apegar a uma superstição de não mais trocar de roupa na Olimpíada.

"Usei mesma meia, mesmo short, mesma calcinha, mesmo top, mesmo tudo. E deu certo", disse a ponteira sobre os jogos contra Rússia, Japão e Estados Unidos na fase eliminatória.

Em entrevista ao UOL Esporte, Paula Pequeno afirmou que poderia ter tido uma participação maior na campanha da seleção em Londres. A ponteira disse que se sentiu sem respaldo do comando em instantes em que sofreu marcação individual cerrada.

"É fato, eu cheguei muito bem fisicamente, tecnicamente. Acho que fui realmente mal aproveitada, mal orientada em muitos momentos em que estava muito marcada. Mas ao mesmo tempo fiquei muito feliz porque a Fernanda conseguiu entrar bem, supriu ali a dificuldade, conseguiu melhorar o time", afirmou a bicampeã olímpica.

"Fico feliz por ela, grupo é isso. Em 2008 eu estava lá voando baixo, jogando pra caramba, e gente no banco torcendo por mim, batendo palma. E nessa [Olimpíada] foi justamente o contrário. Naquele momento eu assumi minha importância para o grupo, independente da situação, dentro ou fora de quadra", acrescentou Paula Pequeno.

Ao final da disputa da Olimpíada, a ponteira afirmou que não deve encarar com a seleção o ciclo para os Jogos do Rio de Janeiro de 2016. Paula diz que o momento é de priorizar a vida pessoal e a filha, sacrificada por anos de entrega da mãe à seleção nacional. No entanto, mesmo com um pé fora, a jogadora afirma ver com esperança a transição do time.

"Sou uma eterna esperançosa, acredito muito no nosso time, nos nossos talentos. Acho que obrigatoriamente vai acontecer uma renovação. Mas também acredito que possa dar muito certo. A gente tem jogadoras que podem suprir a falta das que estão saindo. Eu só tenho a desejar tudo de bom", declarou.

Paula e outras cinco jogadoras da seleção [Thaísa, Sheilla, Fabi, Fabiana e Jaqueline] conseguiram em Londres a façanha de se tornarem as primeiras mulheres brasileiras bicampeãs olímpicas. A experiente jogadora diz que precisa aproveitar o status especial que somente 12 cidadãos do país possuem.

"Ontem [sábado] eu encontrei após o jogo com o Maurício [levantador campeão olímpico de 1992 e 2004]. Falei para ele: 'caramba, você era o cara, a gente era as carinhas'. Hoje é todo mundo especial, todo mundo igual. Espero que a gente conquiste mais e mais", afirmou a bicampeã.

A ponteira Paula Pequeno defende a seleção brasileira desde 2002, quando ganhou chance após uma crise envolvendo jogadoras e o então técnico Marco Aurélio Motta. Ela ganhou uma oportunidade naquele ano de disputar o Campeonato Mundial e em seguida atuaria na Olimpíada de Atenas, em 2004, mas sofreu uma grave lesão no joelho esquerdo.

No auge de sua forma física e técnica, a ponteira seria protagonista nos Jogos de Pequim. Liderando a equipe com seus potentes ataques, Paula ajudou o Brasil a ser campeão na China e acabou eleita a melhor jogadora do torneio.

Dois anos mais tarde, em um momento importante para a seleção, voltou a se contundir. Às vésperas do Mundial do Japão, a atleta sofreu uma lesão no tornozelo, teve de ficar afastada das quadras e desfalcou a equipe no torneio.

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