BMX mostra radicalismo olímpico e delira o público com festival de quedas e lesões

José Ricardo Leite

Do UOL, em Londres (Inglaterra)

  • REUTERS/Stefano Rellandini

    Francês Joris Daudet tenta se proteger após sofrer queda em prova das quartas de final masculina do BMX

    Francês Joris Daudet tenta se proteger após sofrer queda em prova das quartas de final masculina do BMX

Representante da ala de esportes radicais dos Jogos Olímpicos de Londres, o ciclismo BMX se encerrou nesta quinta-feira como uma das atrações para o público pela diversão provocada pelo festival de quedas dos competidores.

A competição, que pela segunda vez está em um programa olímpico, tem música pop e rock alta quase que o tempo todo da disputa. Só para na largada. O silêncio dura segundos. Mas logo depois do início de uma prova, o próprio telão já incentiva os gritos. “Faça barulho”, diz a frase dos sistema eletrônico. O público segue à risca e delira.

UM POUCO MAIS DO BMX

  • Compatriotas, Rihards Veide (e.) e Edzus Treimanis, da Letônia, trombam durante semifinal do BMX entre os homens

  • "Já tive várias. Pratico esse esporte há 15 anos. Não dá para lembrar quantas foram", diz venezuelana sobre lesões

  • Empolgação com o esporte radical BMX é tanta que David Beckham e primeiro-ministro britânico foram ao local

E dá-lhe som no último e apresentador aos berros no microfone. “Você está presente no melhor lugar do mundo neste momento”, diz, em apenas um dos exagerados gritos do narrador.

O palco da prova é disputado em asfalto, com grama bonita ao lado e, em alguns pontos, pedregulhos que formam algo parecido com a caixa de brita vista em pistas de automobilismo.

O furor do público a cada queda de um ciclista contrasta com o desdém do narrador. Mas ambos mostram a falta de preocupação que se tem em relação aos tombos.

“E a já ficou no chão a brasileira”, gritou o apresentador na queda de Squel Stein logo na primeira saliência da prova entre as mulheres. Não chegou a durar dez segundos sua participação. Ela foi embora de maca e imobilizada. Não voltou para a segunda bateria. Mas a imagem do grupo de apoio segurando a maca da brasileira parece não impressionar.

“É uma coisa normal do esporte, os equipamentos deles são seguros e nunca ouvi falar de algo mais grave que tenha acontecido. Eles são socorridos rapidamente, veja a atenção que tiveram com ela”, falou uma torcedora da Colômbia, país que tem tradição neste esporte.

“É um esporte de risco, chegamos a andar a 60 km/h. Um choque com companheiro pode gerar um acidente. Mas você tem que saber cair. É só conseguir cair bem, que não vai acontecer nada. E são as quedas que chamam a atenção do público, eles gostam por isso”, falou, tranquilo, o competidor colombiano Jimenez Caicedo.

O sistema de informação de atletas disponíveis para a imprensa tem um curioso item extra quando se trata de atletas do BMX. Junto com informações como o apelido, clube e técnico, vem o item “lesões”. Ali aparece que tipo de pancada sofreu cada um deles recentemente. São as mais diversas.

  • "É uma coisa normal do esporte, os equipamentos deles são seguros e nunca ouvi falar de algo mais grave que tenha acontecido", falou uma torcedora

  • Squel Stein foi levada para a policlínica da Vila Olímpica acordada e andando. Ela está em observação, mas não corre nenhum risco.


A venezuelana Stefany Hernandez tem em sua informação uma lesão no tornozelo direito em que foi necessária uma cirurgia e dois meses de afastamento do esporte.

Quesitionada sobre isso, minimizou o perigo do BMX, disse não saber quantas lesões já teve e convidou mais atletas a praticarem o esporte.

“Sim, tive que passar por uma operação, tive praticamente que reconstruir meu tornozelo. Mas isso foi em outubro. Em fevereiro eu já estava com a minha bicicleta de novo”, minimizou. “Já tive várias [lesões]. Pratico esse esporte há 15 anos. Não dá para lembrar quantas foram. Mas essa no tornozelo foi a mais forte”, continuou.

 

“É um esporte difícil. Mas não tenho medo. São anos de prática e tem o mesmo perigo de esportes de luta, como judô, taekwondo e boxe. Não tenho medo, pois é por esse esporte que ganho meu pão de cada dia. Recomendo a todos que têm energia no corpo e são corajosos.”

E assim cada atleta passa na zona mista após a prova com roupa rasgada junto de seus equipamentos de segurança e com pouco medo.

E a final desta quinta-feira teve até presenças ilustres, como do jogador David Beckham e do prefeito de Londres, e de David Cameron, primeiro-ministro britânico.

"E vamos estar novamente no Rio em 2016", finalizou o narrador, para mais berros de felicidade do público.

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