Brasileiras se cobrem, mas britânicas do vôlei de praia tomam chuva em promessa de usar biquíni

Bruno Freitas

Do UOL, em Londres (ING)

  • Getty Images

    Zara Dampney (dir.) dá um tapinha na parceira Shauna Mullin durante partida em Londres neste domingo

    Zara Dampney (dir.) dá um tapinha na parceira Shauna Mullin durante partida em Londres neste domingo

Enquanto a torcida na arena do vôlei de praia em Londres se protegia do frio e da chuva neste domingo, recorrendo a casacos grossos e guarda-chuvas, algumas das mulheres atletas da modalidade encararam a gelada tarde na cidade da Olimpíada com os biquínis, os trajes típicos de competição. Praticamente sem importância no cenário internacional do esporte, a dupla local Shauna Mullin e Zara Dampney virou notícia para os anfitriões dos Jogos pela campanha para que jogassem de biquínis, em promessa cumprida apesar das condições atípicas.

Nem mesmo as brasileiras, habituadas com os biquínis, se expuseram ao frio do domingo londrino. Pouco depois da partida das anfitriãs, Talita e Maria Elisa venceram seu primeiro jogo na Olimpíada cobertas quase dos pés à cabeça.

Nas semanas que antecederam a Olimpíada, Mullin e Dampney foram expostas a uma enorme pressão de parte da mídia local para disputarem os Jogos Olímpicos usando biquínis, mesmo que as condições de tempo londrinas pedissem trajes maiores, com mangas ou shorts. As duas britânicas chegaram a reclamar publicamente da insistência do tema, dizendo que a questão ultrapassava limites do debate esportivo e incomodava familiares e amigos.

Acuadas sobre o assunto em uma entrevista coletiva durante a semana, a dupla da casa cedeu e chegou a prometer que vestiria biquínis. E a palavra foi cumprida sem muito drama neste domingo em temperaturas na casa dos 15 graus na tarde londrina (com sensação térmica bem mais baixa).

SEM BIQUÍNIS PELO FRIO DE TALITA

Por norma do vôlei de praia, as duplas precisam entrar em quadra com o mesmo jogo de uniforme. Por isso, o que uma adotar precisa ser seguido pela companheira. Foi assim neste domingo com as brasileiras Talita e Maria Elisa.

"A Talita é muito magrinha, então ela sente muito frio. Eu não, sou calorenta naturalmente. Coloco essa roupa, fico aquecendo e em dez minutos já fico querendo tirar. Mas eu tenho que jogar pelo conforto da minha parceira. É muito melhor eu estar quente do que ela congelando", afirmou Maria Elisa após vitória sobre dupla holandesa.

Mullin e Dampney bateram as canadenses Anne Martin e Marie-Andree Lessard de virada por 2 a 1 (parciais de 17-21, 21-14, 15-13), em jogo na arena em Horse Guards Parade, no centro turístico de Londres, do lado da residência oficial do primeiro-ministro e com a visão da roda-gigante London Eye. A euforia do triunfo na estreia baixou a guarda das britânicas no embate sobre o tema.

"Não tem problema sobre a chuva e o frio. Jogamos assim [de biquínis] na Noruega há poucas semanas, com uma chuva torrencial", afirmou Mullin.

Dias antes dos Jogos, a mesma Shauna Mullin chegou a dizer que o público britânico ignorava sua modalidade, dizendo "pensam que o vôlei de praia é sexo, e não um esporte", em razão do tal frenesi pelos biquínis num cenário avesso à moda de praia como o centro turístico de Londres. 

Neste domingo, com a polêmica aparentemente superada, sua parceira Zara Dampney manifestou a esperança de que os visitantes da arena em Horse Guards Parade agora possam passar de uma plateia pouco afeita ao vôlei de praia, quase sem conhecimento sobre o esporte, para fãs em potencial.  

"Tomara que a gente tenha conseguido ganhar mais fãs para o esporte hoje”, declarou Zara Dampney após a partida de estreia na Olimpíada. “Foi incrível jogar numa arena para 15 mil pessoas, elas fizeram a diferença", acrescentou.

O público em questão parece ter gostado da primeira experiência de ver um jogo com britânicas em ação em um esporte nascido nas praias. Apesar do frio, a tarde de vôlei em Horse Guards Parade contou com dançarinos com poucas roupas em coreografia de “Macarena” e agitando as arquibancadas. Até uma turma de garotos do exército acabou puxando o grito de guerra da Grã-Bretanha ("Team GB"). 

As locais Mullin e Dampney disputam os Jogos de Londres na cota do país anfitrião, pois não figuram entre as melhores do mundo - atualmente ocupam a posição de número 37 do ranking. Esta é a primeira aparição de uma dupla do país desde que o vôlei de praia entrou no programa dos Jogos Olímpicos, em 1996. 

UOL Cursos Online

Todos os cursos